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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Alimentação Ital: O mandamento de JAH

"A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis." Gn 9:3-4


“E enfim, como o porco, que tem a unha fendida e o pé dividido, mas não rumina; tê-lo-eis por impuro. Não comereis da sua carne e não tocareis nos seus cadáveres: vós os tereis por impuros” (Lv. 11, 7s).
Quem mata um boi é como o que tira a vida a um homem.», Isaías, 66:3
«De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios? Diz o Senhor. Estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; e não me agrado do sangue de novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes.», Isaías, 1:11-12
«Há sangue em suas mãos; lavai-vos, purificai-vos; tirai de diante dos meus olhos a maldade dos vossos actos; cessai de fazer o mal.», Isaías 1:16
Só porque o homem pecou, os animais são agora comidos?
A Bíblia conta (Gen. 2:8) que, quando Deus criou o homem, colocou-o para habitar no Jardim do Éden. Nesse jardim, foi ordenado que o homem se servisse dos frutos de toda árvore (Gen. 2:16), exceto da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gen. 2:17). Devido ao pecado original, o homem foi expulso do jardim e recebeu também a permissão para comer as ervas do campo (Gen. 3:18)
Toda a harmonia que havia prevalecido entre os homens e demais animais no paraíso, após a expulsão e durante o período do dilúvio, segundo a Bíblia, deixou de existir. "Pavor e medo de vós virão sobre todos os animais da terra e sobre todas as aves dos céus; tudo o que se move sobre a terra e todos os peixes do mar nas vossas mãos serão entregues." (Gen. 9:2)
Naquele momento, passaram a existir animais herbívoros e carnívoros, e o homem tornou-se onívoro: "Tudo o que se move e vive ser-vos-á para alimento; como vos dei a erva verde, tudo vos dou agora." (Gen. 9:3). A frase "como vos dei a erva verde" reforça que até então eles só tinham autorização para serem veganos


“O lobo, de fato, residirá por um tempo com o cordeiro e o próprio leopardo se deitará com o cabritinho, e o bezerro, e o leão novo jubado, e o animal cevado, todos juntos; e um pequeno rapaz é que será o condutor deles....A própria vaca e a ursa pastarão; juntas se deitarão as suas crias. E até mesmo o leão comerá palha como o touro. E a criança de peito há de brincar sobre a toca da naja; e a criança desmamada porá realmente sua própria mão sobre a fresta de luz da cobra venenosa. Não se fará dano, nem se causará ruína em todo o meu santo monte; porque a terra há de encher-se do conhecimento de Deus....” — Isaías 11:6-9
Bem-aventurados os que não comem, não maltratam e nem exploram os animais, porque serão chamados filhos de Deus, herdarão a Terra, alcançarão a misericórdia, serão fartos, serão consolados, terão paz eterna, verão a Deus e deles será o Reino dos Céus.
Os bichos são os que mais sofrem diante dos covardes.
Crente especista hipócrita se finge de santo e paga assassinos cruéis diariamente em NOME DE DEUS.
E pode excluir que eu poooosto de novo.
Ateu CARNICEIRO é tão lunático qto o crente que ele acha ignóbil.


Mas esses animais são feitos para isso, eles não existiriam se não fosse para alimentar os homens...
Resposta: Estes são argumentos de fé religiosa, ou seja, não são discutíveis. São dogmas. O fanatismo que movimenta alguns religiosos é comparável ao que alimenta o terrorismo. Animais de abate são vistos hoje em dia como os negros eram vistos no passado: uma raça cuja única razão de existir é o serviço, E PELAS LEIS JURÍDICAS ERAM CONSIDERADOS COISAS, COMO SÃO CONSIDERADOS OS OUTROS ANIMAIS PELA MAIORIA DAS PESSOAS. E assim o absurdo da escravidão se perpetua com os animais. Porque deveríamos limitar as considerações morais e éticas apenas à raça humana? As fábricas de carne e ovos são casas de tortura. Por exemplo: “Animais sofrem extrema dor e privação nas fazendas-fábrica. Galinhas têm seus bicos cortados com lâmina quente, porcos têm seus rabos cortados e seus dentes removidos com alicate, e bois e porcos são castrados sem anestesia. Os animais vivem em espaços ínfimos e são injetados com hormônios e antibióticos para fazê-los crescer tão rápido que seus corações e órgãos freqüentemente não agüentam, tornando-os aleijados e causando ataques do coração. Finalmente, no abatedouro, eles são pendurados de cabeça para baixo e sangram até a morte, freqüentemente enquanto ainda conscientes”. (People for the Ethical Treatment of Animals). Não é uma imagem bonita, né?. Os humanos são apenas diferentes. São superiores em escrever livros, construir prédios, fazer guerras, e bombas atômicas. Mas certamente são inferiores em visão noturna, olfato, paladar, audição força, velocidade, voar, nadar, sobreviver em altas e baixas temperaturas, sobreviver a radiação ou mesmo a sobrevivência como um todo... De qualquer forma, a superioridade em nenhum desses pontos justificaria não levar em consideração o interesse dos outros animais. É PRERROGATIVA DO MAIS FORTE TER COMPAIXÃO. Na sociedade atual, a ética quase não está entre as prioridades. Mesmo quando existe, esse tipo de consideração não inclui os animais, principalmente os criados para comida.

A Preciosidade da Vida (Gn 9.1-17)

Vida Preciosa

Preservando a Imagem de Deus

(Gn 9.1-17)

Leitura Bíblica: Gn 9.1-17

Introdução: Quanto vale uma vida? Para você? Para Deus? Vivemos em dias em que a vida é barata. Ideologias anti-bíblicas com reflexos desastrosos, como evolucionismo, ateismo, secularismo e materialismo reduziram a dignidade do ser humano criado à imagem de Deus ao nível animal. No fim, o homem é um animal ou, em alguns casos, menos que animal. O que vale mais: uma baleia naufragada, ou um Eskimó alcoolatra? Um macaco mico-leão, ou um aidético morrendo de uma vida promíscua? Uma coruja ameaçada ou um bêbedo?

Esse barateamento da vida humano vemos por todos os lados: Terrorismo (44 mortos depois do cartun dinamarquês por muçulmanos); aborto; homicídios, suicídio, eutanásia, trânsito, guerra, TV e Vídeo games) tem conseqüências enormes. Alguns têm lançado campanhas pela proteção de vida, pelo reconhecimento que vida humana é preciosa. “Vida é preciosa—respeite-a” vemos nas rodovias.

Filme: Cinto de Segurança (“Céu pode esperar . . . use o cinto de segurança”)

Título: Vida Preciosa: Preservando a Imagem de Deus

Acontece que, se o homem é só um animal um pouco mais evoluído, se sobrevivência dos fortes é o único alvo digno do ser humano, as implicações éticas são tremendas. Teríamos que concluir que Hitler tinha razão em promover sua raça superior, assim como aqueles que promovem genocida, seja na África no Sudão ou Nigéria contra os cristãos, no Iraque contra os Kurdos ou no Rio de Janeiro nas chacinas. Eliminar o excesso na população!

*O aborto de uma criança não desejada, fraca ou deformada é perfeitamente aceitável, melhor, eticamente necessário. Mesmo ainda sendo ilegal no Brasil na maioria dos casos, o aborto esmaga a imagem de Deus estampada na vida dos não nascidos (Gráfico)

*Homicídios aumentam mais e mais (Gráfico) Segundo o "Mapa da Violência III: Os Jovens do Brasil", a escalada da violência é ainda mais alarmante se vista sob o prisma das taxas de homicídio juvenil. Entre 1991 e 2000, ela atingiu a marca de 98,8 jovens assassinados para cada 100 mil brasileiros entre 15 e 24 anos. Quase um por mil, o que significa uma disparada de 77% nos dez anos que o mapa abrangeu. De acordo com o IBGE, entre 92 e 99, a média nacional de mortalidade por homicídios aumentou 37%. Subiu de 19,12 para 26,18 assassinatos para cada cem mil habitantes. Nesse período, não houve redução dos homicídios em um ano sequer.

*Suicídio e Eutanásia, ou seja, a eliminação de indivíduos inúteis na sociedade—primeiro os velhos,

depois os doentes, fracos, debilitados, deficientes faz sentido. Dizem que cerca de 2000 morrem a cada dia de suicídio. No Brazil, entre 1989 e 1998 os suicídio aumentaram 56,9%. No Brasil há quase 5 suícidios para cada 100.000 habitantes. Entre 1993 e 1998 o número de jovens que tentaram suicídio aumentou 40%. No mundo, 815 000 pessoas cometeram suicídio no ano 2000, o que perfaz 14,5 mortes por 100 000 habitantes (uma morte a cada 40 segundos). O índice de suicídio é mais alto nos países antes comunistas: Letônia (91), Rússia (82), Belarus (70), Látvia (68), Ucrânia (62); Cp. EUA 22, Brasil 8.

*Mortes nas rodovias, muitas vezes refletem uma desconsideração total pela vida humana, seja pelo álcool, seja pela imprudência. 6x mais brasileiros morrem em acidentes de trânsito no Brasil do que nos EUA. Seja pela condição das estradas, seja por barbaridades, existe um desrespeito pela vida (Gráfico). De forma sútil, na ética individual, se a vida for barata, vamos dirigir nossos carros como doidos, sem respeito pela preciosidade do outro, e nem por nossa própria segurança e da nossa família, reivindicando direitos e insistindo no nosso espaço, custe o que custar

*Guerra indiscriminada, violência desenfreada é o direito dos mais fortes. Em vez de ser a última opção para proteger vida, muitas vezes parece ser a primeira, e como Tiago adverte, muitas vezes para promover não vida, mas prosperidade.

*Cenas de assassinatos na TV até 18 anos: 100.000; Chacinas no RJ; Sem terras desapropriando fazendeiros e matando-os em sangue frio; Video games cada vez mais violentos.

Será que a Palavra de Deus fala sobre esses e outros assuntos? O que Deus diz respeito a preciosidade da vida humana? Chegamos na nossa série de estudos em Gênesis ao final das narrativas de Noé e sua família. Gênesis 9 é mais um capítulo na “Novela de Noé” que nos ensina lições fundamentais para o mundo em que vivemos, lições sobre a preciosidade desse dom que chamamos vida.

Contexto: Esse capítulo ocupa um lugar estratégico na sequência da história. Em Gn 7 e 8 testemunhamos a destruição de toda vida na face da terra, com a exceção de Noé e sua família. Deus acabou com tudo e todos, para limpar sua terra do mal que a cobria. Seria fácil para Noé e sua família concluir depois deste episódio sem precedente na história do mundo que a vida era barata diante de Deus. Afinal de contas, se Deus matou todo mundo “assim”, Ele não deve valorizar tanto a vida humana. Mas a resposta é outra. A destruição de toda a terra, e principalmente de homens feitos à imagem de Deus, só serve para ilustrar quão grande era o pecado do homem. Deus ama vida. Deus respeita vida. Deus preserva vida! Deus é vida!

Trans.: Hoje vamos descobrir o alto valor que Deus dá ao ser humano, não porque ele é grande coisa em si, mas pelo valor derivado que CADA SER HUMANO tem como imagem de Deus. Vamos descobrir 5 paredes de proteção que Deus coloca ao redor do ser humano para proteger a imagem de Deus nele. Esse é um dos textos mais fascinantes na Bíblia, polêmica e prático. No processo, vamos descobrir como a exposição bíblica é muito prática, pois responderemos perguntas simples e complexas como:

1) Qual o valor da vida humana?

2) Ser vegetariano é mais espiritual?

3) O cristão pode comer comida com sangue, como churiço ou picanha mal-passada?

4) Qual a posição bíblica quanto à pena de morte?

I. Deus Protege Sua Imagem pela PROPAGAÇÃO dEla na Terra (1,7)

Deus havia criado um reflexo da Sua glória, mas que virou um monstro. Por isso, Deus destruiu a terra e começou novamente com a família de Noé. Logo após terem saído da arca, Deus reiterou o mesmo mandamento que encontramos em Gn 1.28 e 5.1-3. Mesmo que Deus, como ato final de julgamento do homem, destruiu vida humana, não é uma prerrogativa do homem fazer o mesmo. De fato, nossa tarefa é de encher a terra com tantas imagens da glória de Deus quanto possível. Tão importante é essa ordem, que forma um “sanduiche” no texto, (1,7). Noé é o segundo Adão, o progenitor de uma nova raça.

Deus desejava um universo cheio de homens e mulheres, reflexos da Sua glória, adoradores em comunhão com Ele, curtindo Sua majestade, imitando Seu atributos, em comunhão constante com Ele. Esse foi o propósito original para o homem, e nada mudou depois do Dilúvio.

Depois da queda, o plano foi atrapalhado pelo pecado. Gn 5.1-3 mostra que a sequencia continua—pais feitos conforme a imagem de Deus, com filhos que refletem a imagem dos pais, e assim por diante. Mesmo depois da Queda, continuamos imagem de Deus. Deus continua querendo que seu Reino espalhe pela terra, mas agora é uma missão de resgate. A nossa tarefa é muito mais difícil, tanto no lar, como no mundo.

Sua ordem para multiplicar-se e encher a terra revelou o impulso missionário no coração de Deus desde o início. Esse é o propósito missionário pelo qual Deus criou o homem. Missões significa levantar adoradores de Deus, reflexos da Sua imagem, em todo canto do planeta! ESTAMOS NUMA GUERRA ESPIRITUAL, E A ALMA DOS NOSSOS FILHOS E DAS NAÇÕES ESTÁ EM JOGO, JUNTO COM A GLÓRIA DE DEUS!

Cabe a nós hoje uma missão de resgate, de países e povos inteiros que não mais conhecem a Deus. Incrível como pareça, a raça inteira se encontra em rebeldia contra o Criador, e nós que O conhecemos somos chamados para uma missão de resgate. A missão começa em casa, com pais cristãos que têm tantos filhos que julgam capazes de criar no temor do Senhor. Mas Ele também nos chamou para multiplicar Sua imagem pela obra missionária, pelo evangelismo e discipulado e pelo envio de missionários para todos os cantos mais remotos do globo, para que outra vez a terra ficasse cheia da glória do Senhor (Mt 28.18-20)! Somos uma nação de sacerdotes. Somos abençoados para sermos uma bênção (Sl 67). Missões significa declarar a autoridade de Jesus sobre toda a terra, e chamar os povos de volta para ele, para que a imagem dEle novamente seja espalhada ao redor do globo.

II. Deus Protege Sua Imagem pela PROVISÃO de Pavor e Alimento (2,3)

Quando Noé e sua família saíram da arca, encontraram um novo mundo e uma nova ordem. Nada foi igual ao que eles conheciam antes do dilúvio. O clima mudou. O pavalhão de águas no firmamento acima havia desabado. Agora os raios solares que antes foram refletidos, penetram a atmosfera. Alguns até acham que o efeito devastador do Dilúvio fez a terra inclinar no seu eixo, com efeitos significativos nos campos magnéticos e, por consequência, no clima ao redor do globo.

Antes do dilúvio, Deus havia dado para o homem toda a vegetação para comer no Jardim do Éden (Gn 1.29). O homem foi vegetariano, em parte pelo fato de que não havia ainda morte como consequência do pecado do homem. Somente depois do pecado, Gn 3.21, é que a morte animal entrou, em forma de sacrifício com derramemento de sangue (Hb 9.22—sem derramamento de sangue não há remissão).

Depois do dilúvio, teria demorado um tempão para as árvores frutíferas outra vez darem seus frutos. O novo clima, que logo iniciaria a Época do Gelo, faria com que vegetação ficaria muito rara ou não-existente em regiões áridas ou frias

Mas é justamente nesta hora que Deus faz mais uma provisão para a proteção da Sua imagem no ser humano. Ele expande Suas instruções sobre a dieta do ser humano. Ele inventa a churrascaria!

A. Pavor e Medo: PROTEÇÃO. Vs. 2 revela que, como consequência da Queda e do Dilúvio, e talvez como símbolo do domínio dos homens sobre os animais (Gn 1.28b), esses a partir de agora terão grande medo (“pavor e medo”) do homem. Os animais que tão naturalmente vieram até Noé na arca naquele desfile zoológico, agora terão uma aversão natural ao homem. Deus faz distinção entre homens e animais! O homem não é um animal super-desenvolvido, super evoluido! O homem é rei. O animal existe para servir ao homem.

Ao mesmo tempo, essa provisão de Deus protege a vida do homem, pois cria uma distância natural entre nós. A maioria dos animais selváticos, inclusive as cobras e outros bichos perigossíssimos, correm da gente, graças a esse instinto que Deus depositou neles. Seja uma cascavel, aranha, jacaré, onça ou rato . . .

B. Carne: PROVISÃO. Mas num mundo devastado pelo dilúvio, a provisão de carne como alimento serviria para sustentar vida até nas regiões mais remotas, frias, áridas e desprovidas de vegetação. Com essa provisão, o ser humano no novo mundo poderá realmente encher a terra toda, de polo a polo! Há também a possibilidade de que a provisão de carne, com seu alto nível de proteina, também protegeria o homem e o fortaleceria no novo mundo que ele encontrou.

Aplic.: Alguns hoje desprezam comer carne, culpando-a pela redução de longevidade do ser humano. Mas não vejo respaldo bíblico para uma vida vegetariana nas Escrituras, muito pelo contrário. E mesmo com as restrições de dieta na Lei de Moisés, que denominava alguns animais como “imundos”, não próprios para consumação humana, em Atos 10 descobrimos que a vinda de Jesus e do Espírito Santo criou uma nova ordem, em que todas as possíveis comidas são lícitas para nós, desde que não sejam prejudiciais para nossa saúde ou consumidas em excesso. (Propagação, Provisão)

III. Deus Protege Sua Imagem pela Probição de Comer Sangue (Manipular Vida) (9.4,5)

Essa proibição parece muito estranha aqui. Afinal de contas, quem queria comer sangue ou beber sangue?

Acontece que, em muitas culturas do mundo, comer ou beber sangue foi associado com um rito de fertilidade ou potência. Não só os roqueiros de hoje, que bebem sangue como parte do seu “show”, mas tribos e povos ao redor do mundo têm rituais associados com a crença de que a força vital do animal, o sangue, pode ser ingerida e assim absorvida por gente, em alguns casos, diretamente do animal vivo.

Essa é uma prática pagã, que envolve a tentativa de manipular a vida, prolongar a vida artificialmente, em breve, ser que nem Deus com sua própria vida. Mas o poder delegado por Deus ao homem sobre o mundo não é total—note a repetiçao do verbo “requererei”—que mostra o senhorio absoluto de Deus sobre tudo. Havia necessidade da lei de Deus para manter estabilidade e ordem no novo mundo.

Sangue é proibido pelo fato de que Deus o designou como o instrumento de propiciação. O sangue é a força vital que define vida. É possível sobreviver muitas semanas sem comida. Alguns conseguem viver alguns dias sem água. Você pode ainda ressuscitar depois de alguns minutos sem ar. Mas corta o fluxo de sangue no seu corpo, e você morre numa questão de segundos. Se sangue oxigenado não chega ao seu cérebro, você morre.

Nas Escrituras, o sangue representa a vida.

Lv 17.11,14 – Porque a vida da carne está no sangue. Eu o tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o sangue que fará expiação em virtude da vida. .. Portanto a vida de toda carne é o seu sangue; po isso tenho dito aos filhos de Israel: Não comereeis o sangue de nenhuma carne, porque a vida de toda carne é o seu sangue; qualquer que o comer será eliminado.

Dt 12.2,3 Somente empenha-te em não comeres o sangue, pois o sangue é a vida, pelo que não comerás a vida com a carne.

O sangue foi reservado para sacrifício pelo pecado. O derramamento do sangue faz propiciação (satisfação) do pecado, cobrindo-o dos olhos de um Deus santo. Hb 9.22 sem derramemento de sangue não há remissão de pecado! Mas o oposto não é verdade: o beber do sangue não acrescenta vida, como os pagãos acreditavam.

[É por isso que Jesus derramou seu sangue. Ele derramou Sua VIDA por nós! O sangue foi drenado do seu corpo até ao ponto em que Ele entregou Seu Espírito, e morreu. O sangue faz parte vital do Evangelho, pois representa a MORTE de Jesus em nosso lugar. Ele derramou Seu sangue, para que nós não tivéssemos que derramar nosso. Mas Ele ressuscitou dos mortos, que nos dá vida. É a ressurreição de Jesus que nos dá vida em abundância, não o ingerir de sangue! Da mesma forma, a Ceia do Senhor não é uma maneira de receber uma força vital especial (como algumas religiões crêem—que o pão e o vinho são transformados na carne e no sangue de Jesus), como se fossemos engolir o sangue de Jesus. É um símbolo de que Ele fez uma Nova Aliança com sua morte, o derramamento do seu sangue!]

Mas, será que essa probição ainda se aplica hoje? Esse é um grande debate. Pode ou não o cristão comer churriço? Podemos comer uma picanha muito mal-passado? Mesmo que Jesus declarou todos os animais limpos em Atos 10.15, ainda temos uma restrição contra o comer de carne estrangulada, ou seja, com seu sangue vital ainda dentro, em Atos 15.20,21 (Lv 3.17; Dt 12.16). Entendemos conforme vs. 21 que foi uma proibição para os gentios cristãos para não escandalizar os judeus cristãos que associavam esses atos com paganismo. Mas as outras ordens do texto--idolatria, imoralidade—continuam até hoje. Sem ser revogada em outro texto posterior, creio que é melhor seguir o princípio desse texto, e não comer sangue. Entendemos que toda carne que comemos ainda contém um pouco de sangue, seja bem ou mal-passada. Mas comer churriço e outras comidas feitas de sangue parece ser vetado pelo texto, se só em respeito ao símbolo da preciosidade da vida. (Propagação, Provisão, Proibição)

IV. Deus Protege Sua Imagem pela PENA DE MORTE (9.6)

Com certeza a parte mais controvertida deste texto encontra-se no versículo 6, texto que inaugura o ínfame castigo capital, ou seja, a pena de morte. É um texto particularmente difícil para mim, pois nossas lentes coloridas tendem a influenciar nossa interpretação. Por exemplo, nos EUA a pena de morte ainda existe. Recentemente passou-se o número de 1000 pessoas executadas nos EUA desde que essa lei foi reinstituída em 1976. Mesmo assim, há mais de 3000 condenados esperando sua morte

As estatísticas mostram que o Brasil é entre os piores países do mundo em termos de indício de homicídios. (Gráfico). O Brasil já é líder disparado no ranking mundial de mortes violentas entre jovens. Estamos pior que Colômbia, Israel e Irlanda do Norte, só para citar alguns dos países que vivem em pé de guerra. Em 1999, 116.778 jovens morreram por causas não naturais (homicídios, acidentes de trânsito, etc.). Desse total, 51,4% foram assassinados.

É importante notar algo importante no texto. Nos vss. 4 e 5, Deus proibiu ingerir sangue, uma maneira pela qual os pagãos tentariam prolongar a vida, manipular a vida, prerrogativa que pertencia somente a Deus. Mas aqui encontramos o outro lado da moeda: homicídio, que tomava nas mãos do assassino o direito que pertence somente a Deus de abreviar a vida. Prolongar a vida ingerindo sangue, abreviar a vida derramando sangue, são igualmente vetados por Deus, pois somente Ele é Deus. Mas num paradoxo, Deus receita a pena de morte como sendo a melhor maneira de dar um curto-circuito na desvalorização da vida.

Note que mesmo animais que matavam homens teriam que ser mortos, sublinhando o valor inestimável da imagem de Deus em pessoas (vs. 5).

O Imperativo: vs. 6; cp. Lv 24.17, Ex 21.23-25; Nm 35.16-32; Rm 13.3-4, 1 Pe 2.13,14; At 25.11, Mt 26.52;

O Contexto: É importante notar bem o contexto da ordem. Antes do dilúvio, temos alguns assassinatos registrados: Caim matou Abel; Lameque assassinou um jovem; maldade havia se multiplicado (6.5), a terra estava corrompida e cheia de violência (6.11-13). Deus então matou todos menos Noé. Agora, ele resolve nunca mais inundar a terra. Mas como conter sua violência? Ele coloca nas mãos do homem o direito e a responsabilidade de proteger vida. Muitos acreditam que esse texto nos dá a base de governo humano, que o NT ensina usa a espada para punir os malfeitores (Rm 13.3-4, 1 Pe 2.13,14). Para evitar um julgamento mundial da corrupção e violência do homem, como no dilúvio, Deus encarrega o próprio homem com “Lex Talionis”, ou seja, castigo compatível com o crime.

O Propósito: Proteger a imagem de DEUS no homem (a glória de Deus, a dignidade do homem, o valor do ser humano como criado por Deus, representante de Deus). O assassino mostra desprezo por Deus e pelo seu irmão. “The person who destroyed another being made in God’s image in fact did violence to God himself—so sacred and so permanent was the worth and value that God had invested in the slain victim.” (Kaiser)

Ilust.: Se você me mostrar uma foto do seu filho ou da sua mãe, e eu cuspir na foto, eu não só menosprezei a foto, eu menosprezei seu filho ou sua mãe. Quando nós tratamos outros seres humanos, ou até nós mesmos, com desprezo, estamos menosprezando o Criado, em cuja imagem fomos feitos.

Uma sociedade que recusa tirar a vida daqueles que deliberadamente e violentamente tiraram a vida de outros, está debaixo do juízo divino, e o valor, dignitidade e respeito por pessoas naquela sociedade . . . diminuirá significativamente. Mesmos diante da injustiça, desigualdade, parcialidade e corrupção de tribunais humanos, reconhecemos que Deus há de julgar aquela nação pela sua atitude de desrespeito pela imagem dEle no ser humano. (Kaiser)

Protegia vida das seguintes maneiras:

1) Desestimulava o assassinato e outros crimes, pela realidade de retribuição igual. O que eu mais desejo acontecer com meu inimigo vai acontecer comigo.

2) Desencorajava vingança perpétua (ilust.: tribos indígenas!) em que cada um presume vingar-se pelo crime praticado por outro, ad infinitum

3) Estabelecia, logicamente, governo humano composto de representantes da sociedade e não somente o indíviduo com visão limitada (Rm 13.4-carrega a espada para castigo)

4) Evitava um massacre generalizado divino contra a violência desenfreada do homem (cp. O Dilúvio!) pelo governo humano

5) Expiava a terra da culpa pelo derramamento de sangue inocente (Dt 19.11-13, 21.7-9, Nm 35.33,34); se o povo tolerar a violência, toda a comunidade compartilha a culpa e sofrerá as consequências; a terra que não castiga malfeitores receberá em si as consequências

O Meio: Lex Talionis. Tirar a vida daquele que assumiu o lugar de Deus, o único que tem direito de tirar vida.

Cautela: Antes de tirar mais uma vida, tem que haver certeza de que o ato realmente há de proteger a imagem de Deus e a vida de outros. -certeza de culpa -testemunhas -propósito

(Veja cidades de refúgio (Js 20.1-9; Nm 35.9-34)

Debate: Argumentos contra na dispensação da graça

1) Não foi praticado com Caim ou Lameque ou Davi (mas: Caim teria que ser morto pelo próprio pai; além disso, Deus falou que quem matava Caim seria vingado 7x = pena de morte!) (Davi não foi assassinato direto, não havia testemunhas)

2) Não foi praticado por Jesus (mulher adúltera) (Jo 8.3-11)

3) O Sermão do Monte parece argumentar contra (Mt 5.21,22,28,29)

4) A doutrina da graça parece argumentar contra

5) Não funciona (mas quem sabe? Poucos praticam; funciona para proteger o mundo DAQUELE assassino!)

(Propagação, Provisão, Proibição, Pena de Morte)

V. Deus Protege Sua Imagem pela Promessa do Arco-Íris (9.8-17)

A última provisão de Deus foi a associação do arco-iris com a promessa ou aliança feita com Noé e toda a terra de que nunca mais Deus iria destruir toda a terra por um dilúvido, até o final de tudo. Assim Deus reitirou o valor que Ele dava à raca humana. Apesar da maldade do coração do homem, este continuava sendo imagem de Deus.

Essa promessa tornou-se necessária depois da terrível devastação provocada pelo dilúvio. Imagine a primeira vez depois que Noé saiu da arca e as nuvens começaram a a escurecer o horizonte. Animal e homem, ambos, teriam entrado em pânico, imaginando o pior. Mas Deus deu um sinal, o arco-iris, que talvez já existia, mas que agora será associada a uma aliança de paz entre Deus e a terra.

Encontramos aqui o que é conhecida como a aliança com Noé. O sinal da aliança é o arco-iris, que é visível para todos. Outras alianças nas Escrituras possuiam sinais, como, por exemplo, circuncisão dos homens na aliança com Abraão, porque os homens como líderes do lar representavam a família toda. No NT, a Ceia do Senhor e o batismo representam a Nova Aliança, e todos participarm porque é uma aliança que todos têm que participar individualmente. Com Noé temos uma aliança incondicional, que só dependia da fidelidade de Deus e nào do homem. Nada na Bíblia revogou essa aliança, então continua até hoje, com o arco-iris ainda sendo uma lembrança da graça de Deus. Ainda hoje um arco-iris inspira admiração e maravilha. A aliança de Deus transforma julgamento em graça (Ross 207). O arco-iris é uma lembrança repetida de que vida é preciosa para Deus!! Esse é um produto da graça comum de Deus.

Não é por acaso que é chamado de “arco”-iris. O português reflete bem a palavra original no hebraíco, que também representa o ARCO usado com flechas (também em inglês). A presença do ARCO nas nuvens representava o fato de que Deus havia pendurado seu arco, e não iria guerrear contra toda a terra outra vez. O “iris”, as muitas cores causadas pelo reflexo e disseminaçào da luz pelas gotas de água na atmosfera, ou seja, um prisma natural, seria um reflexo do que Pedro chama a “multiforme” (multi-colorida) graça de Deus (1 Pe 4.10).

Conclusão: Quanto vale uma vida? Quanto vale para Deus? Gn 9 mostra o valor infinito de cada ser humano, pelo fato de que cada indivíduo é um reflexo da glória de Deus. Deus ama vida! Deus é vida! Jesus falou, “eu sou a ressurreição e a vida” (Jo 11.25). Em João lemos que Jesus veio para que tivéssemos vida EM ABUNDÂNCIA(Jo 10.10) A vida estava nele, e a vida era a luz dos homens (Jo 1.4). Paul destacou “nEle vivemos, e nos mvemos e existimos” (At 17.28). 2 Pedro usa a história do dilúvio como exemplo da certeza do juízo divino no final dos tempos, mas também ressalta que o fim não virou ainda porque “Deus é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento.” (2 Pe 3.9).

Acima de tudo, Deus fez Seu próprio Filho passar pela pena de morte, justamente para que nós tivéssemos vida: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira, que deu Seu filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele. (Jo 3.16,17)

A vida do homem é preciosa, porque ele foi feito à imagem de Deus. A dignidade do homem é uma dignidade emprestada. O homem tem valor porque Deus tem valor. Quando menosprezamos o homem, menosprezamos aquele em cuja imagem o homem foi feito.

inúmeras implicações desse ensino:

*Não fazer nada que prejudica a vida dada por Deus

1) O mal-tratamento do meu corpo, que é habitação do Espírito Santo, despreza a imagem de Deus (claro que o excesso, vaidade, também é pecado)

a. Vícios b. Hábitos de alimentação c. Exercício, sono, etc.

2) Hábitos pessoais que colocam em risco minha vida e a vida de outros

a. Trânsito!!! (Testemunho . . . uma forma de menosprezar a dignidade da imagem de Deus—ira, egoísmo, pressa, tudo anti-cristão) Riscos bobos e desnecessários

*Fazer tudo possível para promover a vida

1) Proteção de vida humana, custe o que custar:

a. Aborto (leis diante da Câmara)

b. Eutanásia

c. Guerra como último recurso

d. Vigiar Entretenimento que barateia vida, promove homicídio, guerra, etc. precisa ser filtrado e avaliado por princípios bíblicos (Fp 4.8, Sl 101)

2) Proteger e respeitar Pessoas indefesas ou diferentes (pobres, órfãos, doentes, indigentes)

(Tg 3.9,10) (racismo; Aids, favoritismo)

*Pregar a Vida Verdadeira em Cristo Jesus (Jo 10.10). A melhor maneira de demonstrar amor e respeito pelo ser humano é pelo evangelismo, levando pessoas a conhecerem a Cristo Jesus e obter vida eterna!

Idéia: A vida humana é preciosa e deve ser protegida, pois reflete a imagem de Deus.

Entrevista com S.M.I. Haile Selassie I



25 de Dezembro de 1968
Entrevista com Haile Selassie Primeiro. No Palácio Imperial em Addis Ababa, capital da Etiópia.
Por Dr. Oswald Hoffman.

Oswald Hoffman: Sua Majestade Imperial é uma grande honra ter a permissão para conversarmos e também por tê-lo como convidado nesse programa especial de Natal que será transmitido para pessoas de todo o mundo. Sua Majestade Imperial, o que faz com que siga Jesus Cristo?

Haile Selassie: Quando Jesus Cristo nasceu da Virgem Maria, a partir daquele tempo Ele viveu uma vida exemplar, uma vida em que os homens de todos os lugares devem seguir. Essa vida e a fé que Ele nos ensinou, garante a nossa salvação, nos garante também a harmonia e o bem estar sobre a Terra. Devido às características exemplares da vida de Jesus Cristo é necessário que todos os homens façam seu máximo em seus esforços humanos, para ver se assim conseguem se aproximar o máximo que podem do bom exemplo que foi introduzido por Ele. É seguramente verdade que não há perfeição na humanidade. De tempos em tempos cometemos erros, cometemos pecados, mas sempre que fazemos isso, no fundo de nossos corações cristãos sabemos que temos a oportunidade do perdão do altíssimo. Ele nos ensinou que todos os homens são iguais independentes de sexo, nacionalidade, origem ou tribo. Ele também nos ensinou que quem seguir Ele, irá achá-lo. Viver uma vida saudável, uma vida cristã é o que faz com que eu siga Jesus Cristo. Leia e estude a Bíblia.

Oswald Hoffman: Sua Majestade Imperial, qual conselho gostaria de dar para uma pessoa que esteja considerando o apoio de Cristo, talvez pela primeira vez?

Haile Selassie: Eu gostaria de dizer para uma pessoa que esteja considerando a solidariedade de Cristo pela primeira vez, que é necessário ter fé no altíssimo, é necessário ter amor e é necessário que cada um conduza a si mesmo. Da maneira como temos ensinado a fazer, na Bíblia. Eu gostaria de aconselhá-lo a buscar o conhecimento secular...

Quanto mais alguém conhece mais realiza a necessidade de uma primeira mudança, a necessidade por um Criador, um Criador que é bom, e a necessidade de salvação e também por uma vida pacífica sobre a Terra. Eu também gostaria de dizê-lo para estudar e pensar para si mesmo os caminhos onde possa servir ao Senhor. Nesse pensamento e nesse compromisso consigo mesmo, ele irá inevitavelmente encontrar o caminho para servir seus companheiros. Pela fé eles podem se manifestar, na conduta. Se os cristãos se comportarem nesse caminho, se dedicarmos nossas vidas nessa tarefa fundamental, aí então teremos um mundo pacífico e garantiremos que nenhuma transgressão ocorra contra o futuro e os mandamentos de Deus. Poder da fé.

Oswald Hoffman: Sua majestade Imperial ocorreu algum incidente em sua vida, que esteja marcado em sua memória, como momentos onde a fé em Cristo o sustentou?

Haile Selassie: Tem muitas instâncias na minha vida onde a crença no altíssimo e a fé cristã tem me fortalecido, em tempos de problemas e dificuldades. Não importa o que faça derrubar a vida humana, ele pode sempre superar isso a tempo, se tiver força na fé e rezar para Deus, inevitavelmente Ele chega para ajudar os que crêem e aqueles que estão lado a lado com seu trabalho vivo numa vida exemplar. Isso serve não unicamente aos cristãos, na minha visão, para todos os homens. Eu penso que Deus se comunica com todos que se encontram em dificuldades. Em particular, quando meu país Etiópia foi invadido por estrangeiros alguns anos atrás. Fui fortalecido nesse período por minha fé em Deus e na grande crença na justiça, é preciso ter paciência, mas sempre irá prevalecer no final. Se eu não tivesse fé no altíssimo, em sua retidão e em sua inabalável justiça a prevalecer, então eu teria perdido a esperança e dessa forma os interesses de meu país teriam sido ignorados. Porque me esforcei para manter minha fé nele e todos os etíopes mantiveram sua fé na bondade superior sobre o mundo e no plano magnífico que o altíssimo tem para todos os homens do mundo.
Nós estivemos prontos para re-entrar em nosso país e livrarmos a nós mesmos de forças perversas. Se eu não tivesse em meu coração o amor de Deus, eu acho que não teria agido da forma como fiz. O amor de Deus traz um senso de religiosidade para a vida humana e isso dá o conforto para o futuro e a certeza de que o bem irá finalmente prevalecer, é o comando firme.

Oswald Hoffman: Sua Majestade Imperial, Imperador Haile Selassie Primeiro ascendeu ao trono da Etiópia em Novembro de 1930. Agora no ano de 1968 Haile Selassie está de frente como intermediário nas crises em Biafra. Algum dos acontecimentos atuais tem sido tumultuados, mas existem alguns homens que se voltam numa carreira de maior firmeza e liderança tanto em negociações internas quanto mundiais. Alguns podem reivindicar uma grande continuidade inabalável com o passado que, todavia se move sistematicamente ao longo do século XX. No mesmo período alguns têm sofrido mais derrotas do que Haile Selassie, do qual o biógrafo Leonard Mosley tem escrito em projeção epitáfio, onde ele moldou antes de esperar os acontecimentos.
Sete meses após tornar-se imperador em 1930, ele deu ao povo da Etiópia sua primeira constituição escrita. Seu apelo na frente da Liga das Nações em 1936 quando seu país foi devastado pelo exército de Mussolini e seu exílio durante os anos que se seguiram, estão gravados na memória mundial. Quando ele retomou seu trono em 1941, sua recusa em concordar retaliação contra a derrubada invasora foi encarada com descrença.
“Nesses dias”, ele disse ao povo etíope, “a boca humana não consegue descrever, mas eu devo agradecer ao Deus Vivo que me possibilitou estar presente com vocês. Hoje é o início de uma nova era na história da Etiópia. A partir de então, não recompense maldade com maldade... não cometa nenhum ato de crueldade como muitos cometidos pelo inimigo contra nós, nos tempos presentes...”
Quando a concessão das Nações Unidas foi obtida após a Segunda Grande Guerra Mundial, Sua Majestade Imperial Haile Selassie I foi um dos que escreveu os manuscritos originais. Em 1963, ele formou a Organização da Unidade Africana, para encorajar a cooperação entre Estados africanos e coordenar seus esforços para construir uma vida melhor para o povo de toda a África.
A reforma da constituição em 1956 garantiu todos os direitos para o povo da Etiópia, apesar do imperador acumular muito poder do governo em sua pessoa. Sua nação agrícola era de 22 milhões de pessoas. Em todo momento seguia liderando sua nação, disposto a modernizar o estilo de vida.
Aos 76 anos de idade, Sua Majestade Imperial continua a trabalhar vinte horas por dia, com três horas para dormir e uma hora destinada para sua devoção ao rezar. Imperador Haile Selassie e eu conversamos muitas coisas ao longo desse dia da estação chuvosa.

Oswald Hoffman: Sua Majestade Imperial como encara o significado da afirmação do apóstolo Paulo: “A fé trabalha pelo amor?”.

Haile Selassie: O que São Paulo disse não é uma afirmação equivocada. Todos conhecem o que São Paulo foi e que tipo de trabalho estava comprometido antes de sua conversão. Depois, após sua conversão, ele teve fé e amor. E se isso ele não tivesse, não teria conseguido ensinar isso às pessoas, em suas epístolas. Uma elaboração sobre isso está na exposição de Paulo em uma de suas epístolas, onde fala sobre amor e fé. Sem amor todo empenho humano na visão de Deus pode ser inválido. Ele nos ama e a nosso favor Ele nos foi dado como Redentor, e isso foi por causa do amor e seu amor, por nós que Ele realizou o ato do amor. A verdadeira Igreja.
Oswald Hoffman: Sua Majestade Imperial, como um membro do Corpo de Cristo, o que espera da Igreja?

Haile Selassie: A Igreja não é meramente uma construção. A igreja é o preenchimento fiel da vida cristã e suas condições. Contudo, como o nome se aplica às construções então é o nosso coração a Igreja onde Deus habita. Depois que nosso Criador sem pecados foi enviado para esse mundo por seu Pai, então o coração de todos os que acreditaram se tornaram templos de Deus. O amor de Deus não pode ser compreendido através de uma série de questões e perguntas, e a alma do homem não pode experimentar o enriquecimento profundo como um resultado. Nós acreditamos que os homens de todos os tempos estiveram a caminho, por seu amor e graça.
Oswald Hoffman: Sua Majestade Imperial, como membro do corpo de Cristo, como sente que pode contribuir para a Igreja?

Haile Selassie: Todos os homens são dotados de uma responsabilidade natural. Essa responsabilidade é distribuída e nomeada a todos, de acordo com a vocação que recebe e é esperado que cada um cumpra sua responsabilidade. Essa responsabilidade retorna para Deus e dessa forma pelo exemplo. Deve iniciar seu trabalho pedindo a benção de Deus para iniciar e agradecendo Deus, no fim também. Nós acreditamos que todas as pessoas em todas as responsabilidades recebidas irão iniciar e finalizar seus trabalhos em nome de Deus. Eu te dei uma resposta resumida, se fôssemos nos detalhar, poderíamos ficar várias horas discutindo.
Oswald Hoffman: Essa foi uma resposta magnífica e estou profundamente grato por isso. Pulando para outro tópico, Sua Majestade Imperial, existe alguma passagem da Bíblia que veio a ter algum significado especial?
Haile Selassie: Eu tenho respeito máximo pela Bíblia como um todo. Reconheço os nomes legítimos que ergueram a Bíblia. Nós encontramos isso em todos os períodos do Velho Testamento, no tempo dos patriarcas, reis e profetas, maravilhosos milagres foram feitos. Na outra mão, o tempo no qual Nosso Senhor Ele mesmo deu o mandamento de partir pelo mundo para pregar, é também de altíssimo valor.
Então Mateus, Marcos, Lucas e João – os quatro evangelhos onde as palavras de Nosso Senhor são registradas – são pilares para todos os homens da Terra. Por essa razão a Bíblia não deve ser dividida em partes. Cumpram os dez mandamentos.
Oswald Hoffman: e pode se aprimorar nisso. Se a nação pela qual eu sou imperador seguir e aceitar isso, a partir do momento em que eu também aceite e siga, eu posso acreditar que Como cristão maduro, você tem uma palavra especial para os jovens de nossos dias?

Haile Selassie: Nessa ocasião eu me dirijo a todos que estão a favor de nosso império. Nosso cristianismo não está restrito a construir igrejas e eu enfatizo para todos que nós não desejamos fazer distinções. O conselho que dou para todos é que cumpram os dez mandamentos. Você está informado sobre o conteúdo dos dez mandamentos nosso país não é somente historicamente cristão, mas ativamente cristão.
Oswald Hoffman: Sua Majestade Imperial, o aniversário de Nosso Senhor é encarado por pessoas de todo o mundo de diferentes formas, eu sei, mas gostaria de perguntá-lo: como encara o dia consagrado do nascimento de Nosso Senhor dentro de toda a sua família e empregados?
Haile Selassie: O nascimento de Nosso Senhor é um evento familiar muito alegre. Contudo, eu não comemoro apenas com meus parentes de sangue e demais familiares, desde o dia em que toda a nação etíope se tornou minha família. Eu digo isso no contexto da existência do Natal, cumprido por todas as igrejas da Etiópia. Eu também me alegro muito nessa ocasião, por causa da vida de Jesus Cristo, dada para nós. Ele nasceu num lugar pobre e foi aquecido por animais. Esse fato nos encoraja para celebrarmos com alegria. Quando visitei os cincos grandes continentes, não estive em nenhum lugar onde não houvesse uma igreja. Por todo o mundo eu venho, a saber, que o nascimento de Jesus Cristo é celebrado.
Oswald Hoffman: Sua Majestade Imperial, como uma figura de importância mundial e provavelmente um dos homens mais conhecidos na atualidade, eu gostaria de perguntá-lo: que significado pode ter o nascimento de Cristo para as nações do mundo, hoje?

Haile Selassie: Como eu disse antes, o aniversário de Cristo é comemorado em todo o mundo. Quando eu digo o mundo inteiro não significa que todas as pessoas observam da mesma forma. Em todos os lugares que tenho visitado, incluindo muçulmanos e budistas, nós podemos ver essa cerimônia, mas para cristãos esses é um ato conduzido com amor.
Oswald Hoffman: Sua Majestade Imperial recebemos hoje uma grande honra e também todas as pessoas que irão ouvir o programa nos dando a oportunidade desse diálogo. Todos aqueles que estão nos ouvindo devem saber que essa conversa foi realizada no Palácio Imperial em Addis Ababa, Etiópia, com sua Majestade Imperial, Imperador Haile Selassie I. Agradecemos muito e desejamos que Deus o abençoe nos dias que virão.

Haile Selassie: Obrigado.

Segui o Link para baixar a entrevista em MP3
http://rapidshare.com/files/23110406/Haile_Selassie_Jah_Rastafari.rar

CRISTIANISMO RASTAFARI

Por Norman Hugh Redington
Editor of The St. Pachomius Orthodox Library, 1995
tradução, revisão e adaptação: Ligia Cabús - 2004
texto original: BIGUP-RADIO.COM



INTRODUÇÃO

A expansão do Cristianismo Ortodoxo nas Américas ocorreu, principalmente como resultado da influência das levas de imigrantes que se transferiram para o Novo Mundo provenientes do Leste Europeu. Essa foi regra geral, exceto em dois casos: no Alaska e no Caribe. O caso do Caribe é o menos conhecido em termos de pesquisa histórica incluindo a Jamaica onde a Igreja Etíope se estabeleceu com notável vigor regional. Eu espero que este pequeno artigo inspire alguém de grande conhecimento a estudar o assunto apropriadamente; e se isso também puder conduzir a um entendimento mais profundo do Universo Cristão, tantas vezes mal entendido em sua expressão na Jamaica, então, que Deus seja louvado!


Marcus Garvey - centro; Selassie - direita; Emmanuel - esquerda. Referência à Santíssima Trindade na concepção Bobo-Ashanti. Imagem: http://www.angelfire.com/ia3/boboshantiportugues/

ORIGENS


IGREJA CRISTÃ ORTODOXA AFRICANA GARVEISTA

Marcus Garvey foi um lider negro jamaicano, um nacionalista, figura proeminente do Universal Negro Improvement Association (UNIA), uma influente organização do movimento Black Power surgido na década de 1920. Embora se declarasse Católico Apostólico Romano, Garvey encorajou seus seguidores a imaginar Jesus como um negro e a organizar sua própria Igreja. Para enfatizar que tal Igreja não seria nem Católica nem Protestante, foi adotada a denominação "Ortodoxa", ainda que não correspondendo aos canones da tradicional Igreja Cristã Ortodoxa do Oriente, herdeira de antigas tradições doutrinárias desde a primeira ruptura da comunidade cristã, nos primeiros anos da Idade Média.

Os Ortodoxos Garveistas entraram em negociações, através da Igreja Ortodoxa da África, com a Metropolitana da Rússia a fim de obter reconhecimento oficial como jurisdição da Ortodoxa tradicional. Infelizmente, a negociações fracassaram porque os líderes Ortodoxos exigiram uma completa submissão administrativa e dogmática e os garveistas não se dispuseram a tais concessões posto que desejavam praticar a doutrina conforme suas próprias interpretações. Depois disso, um bispo Ortodoxo Africano Garveista foi consagrado pelos Católicos Americanos - instituição que rejeita a autoridade do Papa romano mas que, em outros aspetos, em tudo se assemelha à orientação proposta pelo Vaticano.

A Igreja Garveista tinha milhares de fiéis em três continentes e foi um símbolo do anticolonialismo no Kênia e em Uganda. Naqueles países, os Ortodoxos Africanos rapidamente romperam relações com a Igreja de Nova Iorque e passaram a integrar o Patriarcado Grego de Alexandria, inteiramente Ortodoxo. O mesmo processo se repetiu em Gana, onde O Frade Kwami Labe, graduado do Seminário de Santo Vladimir, em Nova Iorque, conduziu a formação de uma comunidade Ortodoxa fortemente influenciada pelas idéias garveistas. (Eu percebo que muitos religiosos africanos ortodoxos não-canônicos - não alinhados em ponto ou pontos com a doutrina oficial - muitas vezes parecem envergonhar-se de suas origens "heréticas" e por isso procuram se distanciar de qualquer associação os princípios do movimento jamaicano).

JUDEUS NEGROS

Os escravos negros da Idade Moderna sempre sentiram uma certa identificação com a história do cativeiro judeu, fosse na Babilônia ou no Egito; alguns justificam esta identificação através de uma lógica extrema que considera os negros escravizados como verdadeiros judeus. Este pensamento, provavelmente, teve sua origem nos Estados Unidos, no período escravagista e resultou na conversão de muitos negros ao judaísmo. A idéia era reforçada pela existência de uma comunidade negra judaica na Etiópia, minoria na população daquele país, que se organizava em guetos juntamente com os muçulmanos. Esses judeus, muitos pertencentes a grupos francamente anti-semitas, se auto-proclamam "verdadeiros judeus" mas, na realidade, em muitos casos, são Cristãos com a doutrina centrada no Antigo Testamento, reunião de livros que, em suas edições euro-ocidentais, os judeus etíopes, consideram distorcidos pela "cultura branca" e cuja originalidade afro-oriental pretendem restaurar. Um dos desses livros de maior importância é o Livro daGlória dos Reis, o Kebra Negast, uma escritura apócrifa (não reconhecida pelo Vaticano), supostamente traduzido diretamente do aramaico (antiga língua dos judeus). Neste texto, aparecem profecias que indicariam a destruição da "Babilônia Branca" ou "Babilônia dos Brancos" e o retorno dos Israelitas para a África, para o verdadeiro Zion (o Monte Sião). O Kebra Negast foi adotado pelos Rastafaris como parte de seus textos litúrgicos.

O PROFETA GARVEY

Nos livros de história, Marcus Garvey aparece como um líder político interessado em promover a igualdade socio-econõmica entre negros e brancos. Na tradição popular jamaicana, Garvey aparece sob uma outra ótica; é considerado como um profeta inspirado por Deus, o precursor anunciador de Haile Selassie. Entre profecias e milagres, atribui-se a Garvey a predição de que um "poderoso rei" surgiria na África trazendo justiça aos oprimidos. Quando o príncipe (Ras) Tafari da Etiópia foi corado imperador com ampla cobertura da imprensa mundial, muitos jamaicanos entenderam que ali estava o cumprimento da profecia de Garvey e, assim, nasceu o Movimento Rstafari. Garvey ainda era vivo quando o rastafrianismo começou a declinar. O próprio Garvey conheceu dias difíceis, preso sob acusação de fraude comercial. O "profeta" não era admirador de Haile Selassie; ao contrário, lembrava sempre a escravidão que ainda era vigente na Etiópia e considerava os Rastafaris como fanáticos loucos. Não obstante, os rastafaris continuaram reverenciando Garvey como a uma reencarnação de João Baptista, que segundo a versão bíblica rasta, tivera suas dúvidas sobre a identidade do Cristo!

A Santíssima Trindade, de Ras Mohambeh. Fonte: HOUSE OF BOBO - http://www.houseofbobo.com/arts.htm. CLIQUE PARA NOVA JANELA COM OUTROS TRABALHOS DE RAS MOHAMBEH

A Trindade segundo a teologia bobo ashanti (ou bobo-shanti),
congregação dos rastafaris discípulos do Mestre Príncipe Emmanuel.
Na ilustração, Emmanuel, Haile Selassie e Marcus Garvey, manifestação terrena
da Trindade Divina.Emmanuel personifica Jesus, Selassie é o ícone de Jah
enquanto Garvey, profeta como João Baptista, é a inspiração do Espírito Santo.

PERÍODO CLÁSSICO

Entre os anos de 1930 e 1960, o rastafarianismo era um movimento religioso local com pouca influência fora da Jamaica. Muitos líderes Garveistas insistiram na reverência a Haile Selassie e continuaram considerando o rei etíope como o personagem messianico da profecia de Marcus Garvey. O movimento se manteve sob a liderança dos "Elders", instituídos por consenso comunitário e que pregavam, cada qual, sua livre interpretação de texto sagrados; e não somente na Jamaica, porque o movimento se difundiu mundialmente em uma "Igreja ou Religião Rastafari" embora sem uma unificação doutrinária. Os livros mais utilizados eram, de fato, o Kebra Negast e a Bíblia do Rei James, que os "Elders" não hesitavam em "emendar" ou "corrigir".

RELIGIÃO DE REVELAÇÃO

Esta Exegética (interpretação) anárquica dos textos era considerada uma virtude pelos Rastas clássicos. Rastafari não era uma religião, nem uma organização sociopolítica ou ainda uma filosofia; antes, era uma uma atividade dirigida à busca da compreensão e aceitação-realização da "Vontade de Deus" (Jah). Os Rastas clássicos, em geral camponeses e artesãos de pouca erudição, apreenderam com facilidade o espírito Talmudico das Escrituras e promoveram encontros onde eram realizados debates teológicos e orações comunitárias, atividades em prol da busca da Verdade. Os rastafaris não se identificavam com os protestantes. Acreditavam que o movimento tinha surgido por desígnio divino, inspirado por Revelações. Também não se aproximavam do Catolicismo representado pelo Vaticano do "Papa infalível", porque um só homem não pode conter a Verdade; antes, Jah se manifesta em todos porque é o Um que está em toda parte.

MISTICISMO

Desde o início, a experiência mística é uma característica forte do rastafarianismo que enfatiza o "Temor a Deus" ou respeito à majestade de Deus Onipresente e o Poder de Deus, o Onipotente. Através da união com Jah o temor volta a ser o que deve ser, "Poder" que advém do autoconhecimento somente possível por meio depersistente disciplina e repetição ritual das idéias. Por essa razão, os Rastas não fazem adeptos mas confiam que a inspiração de Jah alcança as pessoas que deve alcançar. A união mística foi expressada pelo uso de um neologismo gramatical, um pronome composto "I and I" - o qual pode significar Eu, Nós, Você (s) sempre sendo um meso ser unidos na onipresença de Jah).

COMUNIDADE

Muitos Rastas viveram e vivem, ainda hoje, em zonas rurais, próximos a bosques e florestas, habitando aldeias governadas por "Elders". Em muitos destes grupos, há segregação entre homens e mulheres em um sistema semelhante ao dos monastérios. Em outros casos, frequentemente, organizam-se em aldeias que reconstituem as vilas africanas. Os "Dreads" ou Rastafaris observam cuidados alimentares. A comida, denominada I-Tal, é uma dieta baseada nas orientações do Pentateuco (Bíblia) com adaptações sempre visando o aspecto espiritual da nutrição. Em geral, os homens usam barba que aliada aos longos cabelos resultam em um aspecto que, no período clássico do rastafarianismo jamaicano, era causa de discriminação social, obrigando muitos Rastas a usar a "baldface", cara barbeada a fim de obter colocação no mercado de trabalho e ocultar sua filiação ao movimento rastafari. Durante o período clássico, os famosos "dreadlocks" (as tranças e mechas) foram usados apenas por uma minoria, especialmente por aqueles que haviam se comprometido com o "Voto do Nazareno". Mais recentemente, pesquisas históricas sugerem que os dreadlocks se populazizaram através de um reação monástica contra a liberalidade e corrupção de alguns "Elders". Esta espécie de "clero rastafari", praticante de celibato e muitos seguidores da ética puritana dos "guerreiros nyabinghi", remanescentes da cultura pagã, herdaram os dreads como símbolo emprestado de mais de uma tradição cultural, inclusive do vodoo, religião folclórica da Jamaica colonial.


Rastafari jamaicano fumando a ganja Saddhu indiano com seu cabelo-dread

HINDUISMO

Outra fonte de pensamento pagão no Rastafarianismo foi a religião praticada por milhares de trabalhadores hindus que chegaram à Jamaica depois da abolição da escravatura. O Hinduísmo Clássico é a maior força religiosa das Índias Orientais, especialmente em Trinidad, mas sua influência no rastafarianismo tem sido, frequentemente, desconsiderada. Os dreadlocks, o uso da Ganja, o eremita e o asceta são figuras bem conhecidas na Índia e muitos "homens santos" há muito adotaram o modo de viver "rasta", habitando cabanas modestas praticamente ao ar livre e fumando marijuana em rituais religiosos comunitários, quando utilizam o cachimbo comunal. A doutrina hindu da reencarnação foi adotada por numerosos Dreads que acreditam, inclusive, que Jamacainos de hoje são a reencarnação de Judeus do passado ou então dizem "Sinto em mim o chicote do Senhor de Escravos", para significar, não que vieram, de fato em época de escravidão, mas para se referir um profundo sentimento de solidariedade para com os ancestrais com os quais se identificam pela crença de que o Todo é sempre o Mesmo Um.


Mais Dreadlok em Saddhu (homem-santo) indiano Saddhu carburando em seu cachimbo

REPATRIAÇÃO

Entre os poucos pontos de concordância teológica sobre o qual todos os "Elders" (líderes reliogiosos rastafari) concordam está a "divindade" ou anatureza divina de Haile Selassie (embora seja um tema polêmico). Concordam ainda que Selassie pretendeu a restauração do "Mundo Negro" sugerindo o retorno dos afro-descendentes ao continente africano. A partir desta idéia, desenvolveu-se a teoria da Repatriação. Muitos dos primeiros Elders e também entre os atuais permanece a expectativa do momento histórico do Retorno à pátria-mãe, especificamente, as terras da antiga Abissínia, que hoje compreendem Etiópia e parte do Sudão. A Teoria da Reapatriação introduziu no rastafarianismo uma dimensão política de objetivo definido: grande parte dos Rastafaris, em todo o mundo, e sobretudo na Jamaica, passaram a desejar um retorno imediato à Etiópia.Uma situação sem semelhante histórico, com exceção para o Sionismo, e que exigiu das autoridades jamaicanas severas medidas de controle. Revolucionários convencionais atuam com objetivos locais mas o slogan Rasta nunca foi 'Poder para o Povo", mas "Deixe o meu povo ir". Com o passar do tempo a frustração rastafari em relação ao Retorno atingiu o limiar de um quadro social explosivo. As tensões aumentaram a partir de 1954, quando o governo empreendeu uma ação repressiva contra um "pequeno-Estado" chamado Pinnacle, governado pelo Elder Leonard Howell que adotava a postura de um tradicional chefe africano ocidental. Os seguidores de Howeels migraram para os arredores de Kingston e o movimento, deixando de ser uma iniciativa separatista rural, tornou-se uma associação presente nos guetos da capital. Entre o fim dos anos de 1950 e início dos anos de 1960, uns poucos Rastas, em desespero, violaram o ensinamento de Não-violência dos autênticos Elders e promoveram uma série de atentados que resultaram em muitas mortes em troca de tiros entre Rastafaris e policiais. Este episódio colocou o movimento nos jornais do mundo sob uma ótica extremamente negativa; esta imagem somente começou a ser restaurada com o advento da música reggae, poucos anos mais tarde. O período clássico de isolamento chegava ao fim.

FEDERAÇÃO MUNDIAL DA ETIÓPIA
Ethiopian World Federation - EWF

País africano mencionado na Bíblia e única nação daquele continente que resistiu com sucesso às investidas do colonialismo, a Etiópia sempre foi um ponto de referência para os movimentos de resgate da "consciência Negra" nas Américas. Entretanto, o contato entre Etiópia e Américas jamais foi um fluxo intenso de relaçõe até a Segunda Guerra Mundial. Em 1937, o imperador selassie, em exílio, fundou a Ehtiopian World Federation (EWF) para angariar recursos e apoio político dos grupos nacionalistas do Ocidente. Depois da Guerra , a EWF continou a existir sob várias formas, algumas sob controle local porém todas mais ou menos empenhadas em algum contato com a Abssínia.

TRINIDAD & TOBAGO

Nos anos de 1940, um bispo garveista chamado Edwin Collins fundou o que ele dizia ser uma legítima uma legítima Igreja Copta subordinada ao Patriarcado de Alexandria - representante dos Ortodoxos no Egito (Na hierarquia da Igreja Ortodoxa os líderes maiores são chamados Patriarcas). Todavia, o Garveismo Coptico aproximava-se bem mais da Igreja Ortodoxa Africana que era, canonicamente, uma das divisões mais polêmicas. Em 1952 a Diocese Copta Garveista de Trinidad e Tobago romperam relações com o Patriarcado de Alexandria e secolocaram, por contaprópria, sob a orientação de Adis Abeba (capital da Etiópia, sede da Ortodoxia etíope). O clero foi importado da África e um sistema canonico completo foi implantado nas Ilhas. Trinidad é uma história de sucesso na expansão da Ortoxia Etíope: um clero nativo foi rapidamente ordenado e paróquias foram organizadas em todo país e na Guiana. Em 1959, a organização central Copta Garveista em Nova Iorque tentou obter um status canonico. O arcebispo foi à Etiópia onde teria sido ordenado e retornou acompanhado por jovens padres e diáconos etíopes que ingressaram em Universidades americanas. Esse clero rompeu quase que imediatamente com os Garveistas e instituiu paróquias voltadas para as necessidades dos imigrantes etíopes. Por essa manobra, os Garveistas responsabilizaram o novo grupo pelo declínio da Igreja nos Estados Unidos. Um dos clérigos reformadores tornou-se representante internacional da Ortodoxa Americana; Laike M. Mandefro, Arcebispo Yesehaq, metropolita do Hemisfério Ocidental e Apóstolo do Caribe. Todo esse movimento se desenvolveu à parte do movimento rastafari, que ainda estava retrito à Jamaica. Um concílio (ou Assembléia de Cônegos) foi instaurado ali em 1938 sendo quase que imediatamente rejeitado pelos rastafaris, em particular por dois proeminentes Elders, Joseph Hibbert e Arquibald Dunkley. Ambos eram místicos notáveis, Iniciados que pertenciam à Loja Maçônica Copta da Costa Rica e foi através deles, e não de outra forma que o cristianismo ortodoxo penetrou na Jamaica.

Sacerdote etíope ortodoxo

O Sacerdote etíope da Igreja Ortodoxa
exibe uma Bíblia muito antiga com ilustrações onde figuram
Reis Etíopes - em Santa Maria de Zion, Axum (atual Eritréia).

GROUNATION DAY

Com a expansão da Igreja Etíope em Trinidad, Haile Selassie foi convidado a visitar aquele país, em 1966. Nesta época, a Jamaica era palco de uma crise social nacional na qual os Rastas eram vistos como uma ameaça que devia ser dispersada. Um grupo de sociólogos persuadiu o governo a investir em uma ligação mais intensa com a realeza etíope. Com esse fim, aproveitando a presença de Selassie na região, foi negociada uma parada estratégica do imperador na Jamaica. Assim nasceu o Grounation Day, para os Rastas jamaicanos, o dia da chegada de Selassie a Kingston. Ao contrário da versão muito divulgada de que Selassie estranhava ou espantava-se ao descobrir a existência dos rastafaris (grande parte dos quais acreditando que o rei etíope era a encarnação da essência de Deus), era bastante evidente que o propósito de Selassie em sua visita a Jamaica era um encontro com as lideranças rastas. Recebido no aeroporto por milhares de rastas que vestiam branco e cantavam "Hosanas ao Filho de Davi", o rei concedeu audiência para uma delegação de famoso Elders, como Mortimo Plano e Joseph Hibbert. Os detalhes desse encontro histórico não foram registrados e existem diversas versões na tradição oral jamaicana. Certamente, foi proposto aos religiosos que aderissem oficialmente ao Ortodoxismo; em contrapartida, havia a possibilidade de promover a imigração de grupos jamaicanos para a Etiópia que poderiam estabeler colônias em terras do sul do país. Outra versão corrente diz que Selassie levou aos Elders uma mensagem secreta mais sintonizada com a realidade dos afrodescendentes do Terceiro Mundo. Diria esta mensagem, referindo-se ao ideal de repatriação: "Primeiro, construam a Jamaica".

MISSÕES JAMAICANAS

Em 1970, a convite do Elder Hibbert, Abba Laike Mandefro, pessoalmente, deu início à evangelização dos rastafaris. Ao longo do ano ele batizou cerca de mil e duzentos rastas lançando as bases paraa fundação da Igreja e seu desenvolvimento posterior. Mandefro encontrou forte opisição de alguns Elders que ensinavam qe Haile Selassie era Jah-Deus em essência e que batizavam também, mas "em nome Ras Tafari". Na baía de Montego, somente um Dread aceitou o batismo ortodoxo. Laike Mandefro deu a este rasta o nome de "Ahadu" - "One Man". Uma grande crise atingu a nova Igreja em 1971, quando era comemorado o nonagésimo aniversário de independência da Jamaica. O clero Anglicano, Católico-romano e Ortodoxo, das Igrejas Grega e Etíope, participavam das comemorações. Os Rastas escandalizaram-se com as orações conjuntas, reunindo Ortodoxos com representantes das "falsas religiões". Milhares de membros batizados na Ortodoxa se afastaram e a paróquia jamaicana parecia inteiramente perdida. Muitos não hesitaram em organizar Igrejas Rastafari que começaram a retomar o tradiconal sistema dos Elders incorporando em diferentes graus a liturgia da Igreja Ortodoxa e sua influência teológica. Ao lado de grupos heréticos e sincréticos, um movimento Rastafari Ortodoxo legítimo continou a florescer como espinha dorsal da Igreja Jamaicana. A Federação Mundial da Etiópia (EWF), sob a liderança de Dunkley e Hibbert tinha grande prestígio. Na Jamaica, a Federação mantinha as orientações políticas e sociais e distinguia-se do rastafarianismo tradicional adotando as regras ortodoxas mas venerando o Imperador Selassie como um ícone sagrado representartivo de Jah-Deus, não mais confundido as duas pessoas, o humano e o divino. Essas orientações diluiram significativamente os anseios populares por um retorno à África.

* A teologia ortodoxa distingue diferentes graus de divindade. Somente o "Incriado" é Deus-em-Essência; os homens podem ser "divinos por participação"; os ícones são canais objetivos, terrenos através dos quais o poder divino se manifesta no mundo. A questão quedivide os "irmãos" da fé ortodoxa reside no grau de divindade atribuído a personalidade Haile Selassie. Os Ortodoxos canônicos dizem que ele é divino por participação e iconicidade e somente por isso merece veneração; a congregação rastafari "Doze Tribos" sustentam que ele é divino em essência confirmada pelos méritos de sua liderança.

REGGAE

Ainda durante os anos de 1970, a reggae music alcançava um apogeu em sua popularidade; a lírica e os temas religiosos eram uma ragra da poética. Muitas bandas famosas foram Ortodoxas, como Os Abyssinians, um grupo ligado ao clero monástico. A família de Bob Marley, superstar do reaggae, era majoritariamente Ortodoxa embora o próprio Marley tenha sido, durante muito tempo, adepto da congregação Doze Tribos de Israel. Em seus últimos anos de vida, quando estava condenado pelo cancer, Marley passou por uma transformação espiritual (e sua música também) que culminou com seu batismo na Igreja Ortodoxa. Seu funeral, Ortodoxo, foi acompanhado por dezenas de milhares de fãs.

O CORTE DOS LOCKS

Em 1975, Haile Selassie morreu na prisão dos generais que depuseram a dinastia e tomarm o poder. A Etiópia transformara-se em uma República comuniista. A Igreja Etíope, sob a lei do novo regime enfrentou uma dura perseguição e somentesobreviveu porque aceitou negociar com seus perseguidores. O marxismo, em Adis Abeba, não podia tolerar a veneração a um imperador ou a qualquer personalidade de liderança, tanto mais uma figura que inspirava revoluções mesmo em terras distantes da Etiópia. Eu tenho a impressão que a situação política etíope estimulou uma migração na classe média do país. em boa parte inspirada pela ideologia rastafari, que lá chegara através dos mídia (meios de comunicação). Na Inglaterra, o rastafarianismo se espalhou em suas variadas orientações, o que não era bem visto pelas autoridades, que suspeitavam das influências "heréticas" da religião e relacionavam os rastafaris como um nicho da população ligado a atividades criminosas. Porém, em um regime democrático os Rastas encontraram a proteção da Comunidade Etíope da Inglaterra, especialmente em Handsworth, distrito de Birmingham. Ainda assim, em 1976, todos os Rastas Ortodoxos foram pressionados a cortar suas tranças e mechas e fazer uma declaração formal de repúdio à heresia de atribuir divindade ao imperador Selassie. Os que cumpriram o decreto, tão subtamente promulgado, fizeram disso uma atitude meramente exterior, mantendo na esfera privada suas crenças e usos de menor visibilidade.

SINCRETISMO

Apesar dos conflitos doutrinários, a Igreja Ortodoxa Etíope difundiu-se em território caribenho graças aos Movimento Rastafari. Ainda que atualmente (1995) somente uma minoria derastafaris sejam Cristãos Ortodoxos conversos, inicialmente, nos primórdios do rastafarianismo, todos foram mais ou menos, direta ou indiretamente influenciados pelos dogmas e discurso Ortodoxos.The "makwamya", o incenso durante as orações na liturgia ortodoxa, foi adotado pelos rastas, assimcomo os artistas plásticos rastas são influenciados pela iconografia. O sincretismo é particularmente evidente na organização das Congregações que vem se impondo como norma ackima da liderança carismática do sistema dos Elders.

DOZE TRIBOS DE ISRAEL

As Doze Tribos Rastafari em nada se relacionam com as várias Igrejas Judaicas Negras que usam o mesmo nome. Entre os Rastafari, as Doze Tribos de Israel é provavelmente a maior e mais famosa entre as Congregações. Criada em 1968 por Vernon Carrington, o Profeta Gad ,a doutrina central da Tribos era a crença inabalável em Haile Selassie comosendo Jesu, o Cristo, que havia retornado à Terra com a majestade de um Rei.Para eles, a "Segunda Vinda", o Retorno do Messias, havia acontecido. Sua teologia exotericamente coerente, discurso firme e eficiente sistema de organização converteu muitos jamaicanos.

BOBO ASAHNTI E PRÍNCIPE EMMANUEL

"Príncipe" Edward Emmanuel, foi o fundador de outra destacada congregação. Ele era um Elder famoso no período clássico, organizador do primeiro "Nyabinghi" ou O Grande Encontro Rastafari, em 1958. Príncipe Emmanuel foi uma figura polêmica que postulava para si mesmo o status de ser uma das pessoas daSantísima Trindade ressurecta no século XX. Identificando a si mesmo como Jesus, Emmanuel reconhecia as duas outras "Personas Divinas" em Heile Selassie e Marcus Garvey (ver leganda na ilustração acima). Ele esperava que o Congresso nayabhingi reconhecesse tal essa condição, de Pesoa da Santíssima Trindade. Mas a idéia não encontrou apoio da maioria. Mesmo sem reconhecimento unânime da comunidade rastafari, Emmanuel começou a organizar seus numerosos seguidores em uma Igreja instituída com fundamentos dogmáticos, hierarquia e um tipo de monasticismo (vida monástica, celibatária). Os sacerdotes da Igreja de Emannuel, muitos dos quais estiveram na Etiópia, vestem indumentárias semelhantes as da Igreja Ortodoxa da África e do Egito.

NOTA DO TRADUTOR: Atualmente, os seguidores do Príncipe Emmanuel continuam professando as mesmas crenças; um dos braços da Igreja original, os Bobo-Shanti Rastafari, integram o Etiópia Africa Black International Congress - Church of Divine Salvation (Congresso Internacional Negro Etíope-Africano - Igreja da Salvação Divina). Esta Igreja tem uma página na internet - BOBO-SHANTI RASTAFARI no servidor Angel Fire. O site contém textos doutrinários: o Credo Nacional, A Trindade Sagrada, O Sábado, sobre a orientação do Êxodo regulando o repouso semanal, um artigo sobre a conduta feminina com o título "A beleza é vã, Favor é falso, Mas a mulher que teme Rastafari, Ela será elogiada" e uma agenda com OS dias de Celebração. Em "Links", estão relacionados nove sites, em inglês e espanhol, sobre a congregação Bobo Ashanti (ou Bobo-Shanti); entre estes, destacamos aqui a sessão de arte do HOUSE OF BOBO - apresentando o trabalho em desenho e cor do artista Ras Mohambeh.

IGREJA COPTA DE SIÃO (ou DE ZION)

Esta era uma denominação Garveista Ortodoxa moribunda quando foi revitalizada por hippies brancos convertidos no anos de 1960. Apesar da liderança parcialmente estrangeira a Zion Coptic cresceu explosivamente entre os negros jamaicanos, desiludidos com o discurso das Igrejas canônicas. Os Coptas, como eram chamados, declaravam-se como jurisdição ortodoxa legítima. Publicaram tratados teológicos e se engajavam em especulações em torno de temas da Gnose. Apesar do discurso complexo, circular, o mérito da Igreja de Zion foi adotar uma estratégia de aceitação e apropriação do que havia de melhor no pensamento clássico do Rastafarianismo na vida, no cotidiano da Igreja. Mantiveram os dreadlocks e adotaram os tambores nyabinghi, uma concessão cultural que naturalmente resultou em muitos conversos. A grande aceitação se refletia nas finanças da Igreja que passou a contar com abundantes recursos mas, por isso mesmo, começou a ser alvo de críticas que apontavam os coptas como grandes proprietários de terras na Jamaica. Além disso, outros dois aspectos deste Cristianismo Ortodoxo sincrético, paradoxo em essência, foram causa de controvérsia: a criação informal de um território específico, um Estado-Igreja e as teorias gnósticas-rastafari que justificavam o uso da marijuana (maconha) como elemento de ritual religioso. Estas duas questões valeram a prisão do líder dos Coptas de Zion.

CONCLUSÃO

Eu acredito que os Rastafari tem sido bastante substimados pelo mundo afora, incluindo muitos dos fiéis da comunidade ortodoxa. Os rastas clássicos eram pensadores teológicos e filosóficos sofisticados, não apenas meroslíderes de algum primitivo "culto-cargo". Esta teologia refinada foi concebida por eles mesmos e resgatavam temas Cristão que foram objeto de debate nos primórdios do cristianismo; além disso, deixaram um rico legado artístico e cultural. Infelizmente, a publicidade em torno do rastafarianismo enfatiza, quase sempre, somente aspectos como a "heresia de Selassie" e o uso damaconha como indicativo de comportamento marginal ou antisocial. Muitos esquecem que a existência do Movimento Rastafari é um milagre: um povo esquecido, uma cultura perdida resgatando a si mesma e em si mesma os valores de uma antiga ortodoxia a fim de sobreviver, espiritualmente, em meio à hostilidade do ambiente consumista exterminador da pós-modernidade.