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sábado, 10 de julho de 2010

A CONDUTA CRISTÃ - PARTE IX


Entre o povo a quem foi dirigida a profecia de Malaquias, havia alguns que realmente temiam a Deus. Por causa dos seus sentimentos em comum com relação a Ele eles “falavam uns aos outros; o SENHOR atentava e ouvia; havia um memorial escrito diante dele para os que temem ao SENHOR e para os que se lembram do seu nome. ‘Eles serão para mim particular tesouro, naquele dia que prepararei,’ diz o SENHOR dos Exércitos; ‘poupá-los-ei como um homem poupa a seu filho que o serve. Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o perverso, entre o que serve a Deus e o que não o serve.’” (Malaquias 3:16-18)


Isso nos traz à mente o povo de Deus em nosso tempo, que é chamado de igreja de Cristo. A igreja de Cristo nada tem a ver com as construções de alvenaria e pedra, ou com as instituições feitas pelos homens que se denominam igrejas, mas é composta de todo o povo desde o tempo de Cristo que, porque tem o temor a Deus, veio ao Senhor Jesus e O recebeu como seu Senhor e Salvador pessoal.

Por causa da sua fé comum eles têm se congregado em grupos locais para gozar comunhão e para instrução, apoio mútuo e crescimento “para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito” (Efésios 2:21-22).

Cada grupo local é uma igreja de Deus em si mesmo. Tem uma vida própria, sob a supremacia de Cristo: ela nasce e também pode morrer: não tem garantia de perpetuidade. A igreja local pode morrer por causas naturais: se não houver remanescente depois da morte ou mudança dos seus membros; ou pode morrer por causas espirituais: envenenada por heresias, contaminada por alianças com o mundo ou sufocada por regulamentos e tradições de homens.

Voltando aos fiéis daqueles tempos, aprendemos que “o SENHOR atentava e ouvia; havia um memorial escrito diante dele para os que temem ao SENHOR e para os que se lembram do seu nome.” Algumas passagens na Escritura nos falam dos livros de Deus. Diz-se que nomes de pessoas são escritos, e parecem correr o risco de ser apagados. Naturalmente Deus nunca esquece e não precisa de um memorial para lembrar-Se. Podemos pensar que o memorial aqui mencionado seja uma figura de linguagem, mas é certamente possível e mesmo provável que algum tipo de registro é mantido no Céu para o uso das Suas criaturas quando cumprem os Seus decretos. Para nós é mais fácil entendê-lo na forma de livros, com que estamos acostumados.

Só os nomes dos “que temem ao SENHOR” e dos “que se lembram do seu nome” estão escritos no memorial. Isso nos lembra de Apocalipse 20:12-15, onde está profetizado que muitos livros serão abertos diante do grande trono branco, mas somente um da Vida. Os mortos serão julgados de acordo com as suas obras conforme os livros, mas “se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo.”




O Livro da Vida, portanto, contém os nomes de todos aqueles que são salvos, enquanto que os outros livros dizem respeito às obras. Como a salvação vem pela fé e não por obras, quaisquer obras e seus registros parecem ser de relevância apenas aos salvos.

O memorial escrito diante do SENHOR de que lemos em Malaquias, para os que temem ao SENHOR e que se lembram do Seu nome, é provavelmente um dos muitos existentes para registro das suas obras. Eles foram salvos, pois Deus os poupará “como um homem poupa a seu filho que o serve.” Isso nos lembra também que aqueles que são salvos pela fé no Senhor Jesus Cristo são adotados por Deus como Seus filhos.

Encontramos uma referência ao livro de Deus no Salmo de Davi 56:8: “Contaste os meus passos quando sofri perseguições; recolheste as minhas lágrimas no teu odre; não estão elas inscritas no teu livro?” O SENHOR sabe exatamente onde estivemos e o que fizemos todo o tempo, mesmo se a nossa família, vizinhos e amigos o desconhecerem. Ele também conhece o nosso sofrimento, as lágrimas que derramamos, porque Ele as recolheu no Seu odre - outra figura de linguagem - e estão no Seu livro. Um dia delas seremos lembrados e poderemos ficar surpresos.

O povo de Israel ansiava pelo dia quando o SENHOR seu Deus cumpriria a Sua promessa aos patriarcas e estabeleceria Israel sobre todas as nações sob a Sua soberania. Eles esperavam a vinda do Messias a qualquer momento para essa finalidade. Deve ser a este dia que a profecia aqui se refere, quando os fiéis serão particular tesouro para o SENHOR dos exércitos. Eles serão o Seu ornamento em Seu reino.

É uma maneira encantadora de expressar quão preciosos os fiéis de Israel são para Ele. E aqueles que compõem a Sua igreja estarão também ali para reinar com Ele. A igreja é representada pelo Senhor Jesus como uma pérola de grande preço, comprada com o Seu próprio sangue precioso.

O remanescente dos que são tementes ao Senhor que estiverem vivos no início do Seu reino (o milênio) serão poupados “como um homem poupa a seu filho que o serve.” “ Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o perverso, entre o que serve a Deus e o que não o serve”. Naqueles dias de Malaquias os que temiam a Deus e os que fingiam servi-Lo não se distinguiam facilmente. O SENHOR sempre sabe porque Ele pode ver o coração do homem. O mesmo acontece em nossos dias e assim será também no fim desta era. O Senhor Jesus contou a parábola do trigo e do joio que ilustra esse fato. No entanto, no dia em que Deus escolheu, o dia do Seu juízo quando Cristo voltará outra vez, Ele vai separar o justo do perverso e todos virão a saber quem são.


























PERDOANDO-VOS

UNS AOS OUTROS




O que fazer quando não se cumpre Mateus 18:15-17?

O capítulo 18 do Evangelho de Mateus trata de assuntos relevantes à igreja, onde ela aparece pela segunda vez em apenas duas das ocasiões em que é especificamente mencionada nos Evangelhos.

Depois de informar aos Seus discípulos que o maior no reino dos céus é aquele que se torna humilde como uma criança, o Senhor Jesus determina o procedimento que o crente deve tomar quando se sentir ofendido ou prejudicado por outro irmão.

Vejamos o que o Senhor Jesus está ensinando nesta passagem: “Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão. Mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que, pela boca de duas ou três testemunhas, toda palavra seja confirmada. E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano”.

É simples, e consiste em três passos:

1.Procurar o irmão que o ofendeu e repreendê-lo em particular, estando presentes apenas os dois. O sigilo deste encontro é importante, pois permite que haja explicação, perdão e reconciliação se o ofensor reconhecer a sua culpa e remediá-la, evitando a divulgação com suas repercussões nefastas. O ofensor neste caso se sentirá agradecido pela atenção que lhe foi dada, e os laços de união fraternal serão fortalecidos entre os dois: o ofendido terá ganho o seu irmão.


2.Se, porém, este primeiro passo não surtir efeito porque o ofensor se recusa em atender ao irmão ofendido, este deverá novamente procurar o ofensor levando agora mais um ou dois irmãos para servirem de testemunhas em novo encontro. Possivelmente, com isto, o ofensor se arrependa e o assunto possa ser resolvido sem maiores problemas.


3.Finalmente, se o ofensor continuar empedernido, não dando ouvidos à queixa, o assunto será levado à igreja, tendo agora testemunhas da sua falta. Se mesmo assim ele se recusar a dar satisfação ele deverá ser considerado como “gentio e publicano”, ou seja, ímpio e pecador, indigno de pertencer à igreja de Deus.

A obediência a este mandamento do Senhor é vital para a saúde espiritual da igreja, e para a comunhão dos seus membros.

No entanto, esse procedimento espiritual se opõe aos instintos carnais do homem e por isso nem sempre é adotado. Na maioria das vezes é completamente olvidado, não só pelo crente que se sente ofendido, mas até pelos irmãos responsáveis pela direção da igreja onde se reúne.

O crente ofendido às vezes não toma providência nenhuma, mas guarda rancor contra o irmão que o ofendeu. A Bíblia nos ensina: “Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira” (Efésios 4:26): a ira é uma emoção natural que deve ser controlada, senão pode nos levar a agir de forma irracional da qual nos arrependeremos depois. Ela nunca deve ser fomentada e alimentada de forma a se tornar em rancor - isso é cometer pecado, pois “não se ponha o sol sobre a vossa ira” (Efésios 4:26). O rancor prejudica nossa saúde física e espiritual, bem como nosso relacionamento com os irmãos.

Muitas vezes o irmão visado, o “ofensor”, não se dá conta que prejudicou ou ofendeu o outro até que seja procurado por ele. Se o ofendido não quiser procurá-lo, então que perdoe aquele seu irmão e esqueça o assunto, como o Espírito Santo recomenda, nas palavras de Paulo: “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos uns aos outros, se algum tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também” (Colossenses 3:12,13).

Se, ao contrário, o crente que se sente ofendido abre a sua boca para espalhar a outros a sua denúncia contra o ofensor, ou leva o assunto à igreja sem ter primeiro cumprido com o procedimento ordenado pelo Senhor, ele estará incidindo em maledicência (Colossenses 3:8), mesmo que tenha sido realmente injustiçado.

O que se deve fazer ao ofendido faltoso neste caso encontra-se em Gálatas 6:1: “Se alguém for surpreendido em alguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado”. Trata-se de uma falta, um tropeção: a igreja deve corrigi-lo, consertá-lo, usando de mansidão, que é fruto do Espírito Santo. Uma repreensão, uma advertência, um aconselhamento feitos com mansidão serão geralmente o suficiente. Estejamos atentos para não sermos tentados também.

Existe a maledicência contumaz, uma característica pessoal que põe em dúvida se houve um novo nascimento. Quando ela se manifesta, a Bíblia nos diz: “não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for … maldizente … com o tal nem ainda comais” (1 Coríntios 5:11), e também “haverá homens amantes de si mesmos, … caluniadores, … obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te” (2 Timóteo 3:1-5).

O que fazer neste caso está bem claro nestes versículos: “não vos associeis”, “com o tal nem ainda comais” e “afasta-te”. Isto se torna necessário a fim de que o mal não se propague na congregação, como uma “raiz de amargura” (Hebreus 12:15), resultando em murmurações e contendas dentro do povo de Deus (Filipenses 2:14). É um triste fato que freqüentemente constatamos: aprecia-se mais ouvir falar o mal do que o bem de outras pessoas, ou seja “as palavras do maldizente são como deliciosos bocados, que descem ao íntimo do ventre” (Provérbios 26:22).

Finalmente, observemos sempre o grande e principal mandamento que nos deixou o Senhor: “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis” (João 13:34). Ele foi ecoado por Paulo e Pedro: “Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros” (Romanos 12:10), e “Purificando a vossa alma na obediência à verdade, para caridade fraternal, não fingida, amai-vos ardentemente uns aos outros, com um coração puro” (1 Pedro 1:22).

Obedecendo a este mandamento, estes problemas deixarão de existir, para a felicidade de todos os envolvidos.



SER PIEDOSO


A palavra “piedade” (virtude que permite render a Deus o culto que lhe é devido - Dic. Houaiss) é usada na Bíblia para traduzir a palavra grega “eusebeia”, conjunção de duas palavras que literalmente significam “bem (ou muito) devoto”. No mundo pagão politeista grego, a devoção se fazia aos seus deuses.

Segundo seu contexto, essa palavra indica, na Bíblia:
A revelação divina

O “mistério da piedade”, que é o Evangelho de Cristo (1 Tim. 3:16). O Senhor Jesus Cristo é a “Piedade” personificada e revelada historicamente aos homens:

*a encarnação: o Filho de Deus fez-se homem (João 1:14);


*justificado: vindicado como o Justo (Marcos 9:7; Lucas 23:47);


*visto por anjos: nascimento; Getsêmani; ressurreição; ascensão;


*pregado: entre as nações, pelo Evangelho;


*crido: pela igreja universal;


*recebido na glória: no trono de Deus (Atos 1:11; 7:56).

Assim se resume a carreira triunfante do Senhor Jesus, o Messias, Deus em carne, Salvador do mundo e Cabeça da Sua Igreja. A Ele unicamente deve ser dirigida a devoção do crente.

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