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sábado, 10 de julho de 2010

A CONDUTA CRISTÃ - PARTE VIII


Salomão não foi sábio em uma coisa: em flagrante desobediência à lei de Deus, ele tomou para si como mulher a filha de um faraó do Egito (Deuteronômio 17:17). Talvez usando de uma sabedoria profana, ele quis com isto garantir a paz com o Egito, um dos países mais poderosos daquela época. Todo mundo fazia isso. É tentador, às vezes, não se dar muita importância à fé ou crença de pessoas com quem queremos nos associar. Mas mesmo o que parece ser uma pequena diferença no início pode ter um impacto sério sobre nós e o nosso relacionamento mais tarde. Deus nos dá padrões para os nossos relacionamentos, inclusive o casamento, e existe uma proibição ao que a Bíblia chama de "jugo desigual" para evitar suas más conseqüências, pois "que sociedade pode haver entre a justiça e a iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas?" (2 Coríntios 6:14). Essa política de Salomão, da qual usou mais vezes, trouxe-lhe muitos males, e finalmente o levou, quando velho, ao desastre final, a idolatria (1 Reis 11:4-5). Quem diria? Cuidemos para não nos desviarmos do caminho de Deus levados pela sabedoria profana. Como o próprio Salomão declarou: "O caminho do insensato aos seus próprios olhos parece reto, mas o sábio dá ouvidos aos conselhos." Provérbios 12:15.


UM CÂNTICO NO DESERTO

Salmo 63

Este bonito Salmo tem produzido nos corações do povo de Deus, em todos os tempos, uma doce harmonia que tem transformado o triste deserto desta vida atual para um verdadeiro Éden do Senhor. Formando parte da adoração diária da Igreja Primitiva, ainda em nossos dias ele continua a ser um dos prediletos para o pequeno rebanho do Senhor Jesus Cristo.

A razão desta predileção acha-se, em parte, no título - "Salmo de Davi quando no deserto de Judá", pois isto é onde a verdadeira Igreja de Deus se acha espiritualmente, até agora. Pois "este presente século" permanece ainda um deserto, um vale de lágrimas, "o vale da sombra da morte" - terra de fome e de sede, de labor e de cansaço, de dor e de morte.

Um "cântico no deserto"!… Que lugar estranho, improvável, para produzir um cântico! Porém uma das características especiais do povo de Deus é que ele sabe mesmo cantar no deserto. O cântico deste povo não depende das circunstâncias exteriores. A história da Igreja mostra que é no deserto, em tempos de sofrimento e de perseguição, que ela canta com a maior harmonia. Também a nossa própria experiência individual concorda com isto. Não é sempre nos tempos de prosperidade, quando tudo parece ir bem, que a melodia de louvor e de verdadeira adoração ascende a Deus. Muitas vezes Deus tem de levar o Seu povo ao deserto, para que ali, sentindo-nos necessitados e isolados, os nossos corações possam responder à Sua Palavra e às Suas obras com verdadeiros hinos de confiança e louvor.

O Salmo 63 começa por invocar a Deus pelo Seu Nome "Elohim" (no hebraico). Este é o Nome do Altíssimo Deus da Majestade; é o primeiro nome divino que achamos na Bíblia e é geralmente no plural, sendo assim a primeira indicação no Velho Testamento da doutrina da Trindade - revelada mais claramente em o Novo Testamento. "E Tu, Elohim" - em toda a plenitude dos Teus recursos infinitos, em toda a Tua força e majestade - és meu Deus v. 1.

Que palavras maravilhosas para um homem fraco desta terra! Não será presunção?… Mas Ele mesmo é quem diz, mil vezes: "Eu sou o Senhor teu Deus"! … E a oração deste Salmo não é nada senão a resposta da fé que, aceitando a Sua Palavra, olha para o céu e diz, "Meu Deus", em resposta à Sua própria palavra "teu Deus"…

Outrossim, temos uma palavra ainda mais clara, na mensagem que o Senhor ressurrecto enviou aos Seus discípulos: "Subo para Meu Pai e VOSSO PAI, para Meu Deus e VOSSO DEUS" João 20.17. Desde então o mais fraco e o menor dentre os "Seus irmãos" (a quem foi enviada esta mensagem) pode olhar para o céu e, com toda certeza de fé, dizer ao Senhor de todos, "MEU Deus!" - não como mera exclamação de desespero, ou surpresa ou (pior ainda) de raiva, como geralmente se ouve, violando assim o terceiro mandamento - mas, sim, como expressão de amor, de fé e de verdadeira adoração pelo crente grato e confiante.
















SEMEANDO COM GENEROSIDADE




Os que morrem para si próprios para viver uma vida sob o senhorio de Cristo, guiados pelo Espírito Santo, estão libertos dos ditames da lei de Moisés (Gálatas 5:18), que governava a conduta dos israelitas, inclusive suas obrigações financeiras.

Os israelitas eram cidadãos de uma pátria terrena, e tinham seu templo e sacerdócio terrenos para suprir suas necessidades espirituais. A lei instruía o povo como sustentar essas instituições, mediante impostos sobre a sua produção.

O Senhor Jesus, entretanto, não somente forneceu uma salvação gratuita, mas livrou o Seu rebanho de quaisquer obrigações financeiras. A sua pátria está nos céus (Filipenses 3:20) e seu templo é espiritual, formado por todos os que são redimidos e habitados pelo Espírito Santo (Efésios 2:21) sendo todos sacerdotes (Apocalipse 1:6).

O reino de Jesus Cristo não é deste mundo (João 18:36), e não há um lugar na terra designado para sacrifícios e adoração pois “Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e verdade” (João 4:24). Logo, não requer um imposto para o seu sustento.

Isto posto, o que devem fazer os remidos com os bens materiais que vierem a possuir? Há uma advertência da parte do Senhor Jesus para que não se esforcem para angariar tesouros aqui na terra “onde a traça e a ferrugem os consomem”, mas que procurem ao invés disso acumular tesouros nos céus, onde não correm esses riscos (Mateus 6:19). Os avarentos não herdarão o reino de Deus (1 Coríntios 6:10).

Não obstante, os santos são encorajados a trabalhar para o seu próprio sustento (1 Tessalonicenses 4:11), e o das suas famílias, e para que tenham o que repartir com o que tem necessidade (Efésios 4:28). O Senhor Jesus contou duas parábolas que ajudam a esclarecer a correta maneira de encarar a aquisição e a distribuição de riqueza:

*A parábola dos talentos (Mateus 25:14-29): Independentemente da época na história em que é mais aplicável, temos aqui o princípio da recompensa aos servos fiéis que usaram bem o que lhes fora confiado, para benefício do seu senhor ausente, e o castigo ao servo negligente que nada fez. Entre os variados “talentos” que um servo de Cristo pode receber, está o da prosperidade em bens materiais. Ele, como aquele servo, não deve se considerar como proprietário dos seus bens para seu deleite pessoal, mas como administrador para benefício do Senhor.


*A parábola do administrador astuto (Lucas 16:1-9): É uma parábola difícil de entender, pois parece, à primeira vista, que o administrador foi desonesto, e no entanto foi elogiado pelo seu senhor por ter agido com sagacidade. Explica-se que o administrador tinha autoridade para negociar, e por isso pôde legitimamente dar descontos se quisesse, e os descontos lhe ganharam a afeição dos fregueses beneficiados, que o ajudariam quando se encontrasse desempregado.

Aplicando-se aos servos do Senhor Jesus, o ensino básico é que o cristão deve usar os bens que lhe são confiados com sabedoria e discernimento, de tal forma a se assegurar de uma boa recepção no céu. Ou seja, deve aplicar os bens deste mundo, que administra para o Senhor, para a disseminação do Evangelho, contribuindo para a salvação de almas que por isso lhe serão eternamente gratas.

Cada servo de Cristo é pessoalmente responsável diante dEle pela administração dos seus bens, pelo destino do que distribui e pela maneira com que o faz (Romanos 14:12), e “cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, nem por constrangimento; porque Deus ama ao que dá com alegria” (2 Coríntios 9:7). A contribuição para a obra do Senhor é o privilégio de todos os Seus servos, e havendo prontidão é aceitável de acordo com o que cada um tem, e não de acordo com o que não tem (2 Coríntios 8:12).

Tanto a pregação direta, como o cuidado do rebanho e o ensino da Palavra constituem parte integrante da disseminação do Evangelho. Também a produção de livros e outra literatura, o uso do rádio, da televisão e da Internet etc., são instrumentos modernos muito úteis, se não essenciais, para a sementeira.

Todas essas atividades demandam recursos materiais, e o servo de Deus procurará a Sua direção para encaminhar ofertas segundo a Sua vontade. Ele próprio pode ser um evangelista, um pastor ou um mestre, que são dons espirituais, e vai usar seus recursos materiais para exercê-los.

Outro princípio dado pelo Senhor Jesus foi o de manter sigilo sobre as ofertas, para evitar ser visto pelos homens e ser honrado por eles (Mateus 6:1-4). Se for usado um intermediário, não haverá o sigilo que deveria ser guardado por quem dá e pelo beneficiado. Como são honrados neste mundo os que dão grandes quantias em prol de alguma campanha ou para fins beneficentes! No entanto, essa honra lhes tira a recompensa reservada pelo Pai aos que dão em secreto.

A honra deste mundo é muitas vezes enganosa, sendo dada a quem menos a merece, segundo outro princípio que nos deu o nosso Senhor: diante de Deus, o valor da contribuição aumenta na proporção em que representa um verdadeiro sacrifício para o oferecedor (Marcos 12:41-44). Assim, quem dá daquilo que lhe sobra, está dando menos do que quem dá até mesmo o que precisa para o seu próprio sustento.

O conceito de “igreja”, no sentido de uma cúpula com o direito de cobrar todas as contribuições de seus membros destinadas a Deus não tem base na Bíblia. Uma cúpula não tem o direito de cobrar uma taxa de associação, como se fosse um clube, nem de cobrar um “dízimo” dos seus membros. A cúpula não é a igreja, ponto final. A igreja local consiste no conjunto de todos os seus membros.

A manutenção de um prédio para uso nas reuniões da igreja, seus móveis e utensílios etc., é uma despesa da qual seus membros devem participar segundo os critérios que eles próprios estabelecerem. Da mesma forma contribuirão para algum fundo da igreja de auxílio aos necessitados da igreja, viúvas idosas sem arrimo (1 Timóteo 5:3-6) etc.

Um membro pode, por sua conta, delegar a essa cúpula ou a outros irmãos, o direito de fazer a distribuição de um donativo, mas a responsabilidade diante de Deus continua a ser dele. Ele deve se assegurar que a finalidade do donativo foi corretamente cumprida, para evitar que aquilo que é dedicado ao Senhor seja usado para outros fins por pessoas inescrupulosas.

Nos capítulos 8 e 9 de 2 Coríntios, temos o exemplo que Paulo nos deixa de como foram feitas ofertas pelos irmãos da Macedônia aos crentes da Judéia, através das suas igrejas e dos portadores especialmente escolhidos para esse fim.

É de se notar que o apóstolo nada impôs àqueles irmãos, mas foram eles que suplicaram insistentemente a Paulo o privilégio de participar da assistência aos santos, tendo primeiro se entregado ao Senhor (2 Coríntios 8:4-5).

Paulo termina o capítulo 9 assegurando aos irmãos em Corinto, que:

1. A abundância da colheita está em proporção direta com a quantidade que é semeada (v. 6).

2. Deus é poderoso para que os que semeiam sempre tenham tudo o que é necessário em todas as coisas para transbordar em boas obras (vs. 8 a 11).

3. O serviço ministerial de contribuição não só supre as necessidades do povo de Deus, mas transborda em muitas expressões de gratidão e de louvor a Deus (vs. 12 e 13).

4. Em suas orações, os beneficiários estão cheios de amor pelos que contribuíram, por causa da insuperável graça que Deus lhes deu (v. 14).

"Graças a Deus pelo Seu dom inefável!" (2 Coríntios 9:15)




O TEMOR A DEUS










"Atualmente muitos vão às igrejas atraídos por promessas de saúde e bênçãos materiais, mas alguns acham que podem viver melhor sem um compromisso espiritual. Essas promessas são válidas?"

Certa vez Deus reclamou do Seu povo, Israel, por causa da sua religiosidade interesseira. Os judeus estavam se queixando que era inútil servir a Deus: eles não recebiam nenhum benefício por guardar os seus preceitos e em andar de luto diante do seu Deus. Eles viam felizes os que confiavam em si próprios, e prosperando os que não respeitavam a Deus. Esses tais não eram castigados por sua desobediência (Malaquias 3:13-15).

Em outras palavras, eles consideravam a boa saúde, prosperidade material e impunidade aparente dos que não temiam a Deus como bênçãos, portanto não viam nenhuma necessidade em se sacrificar para obedecer aos preceitos do Senhor. Eles chegaram inclusive a pensar que “qualquer que faz o mal passa por bom aos olhos do SENHOR, e é desses que ele se agrada, pois Ele não castiga” (Malaquias 2:17). O SENHOR Se declarou ofendido com essas palavras e sentimentos, que eram duros para Ele.

Vamos aqui considerar duas coisas: o motivo para servir a Deus e a natureza das bênçãos de Deus.

Aquele povo tinha um motivo egoísta para servir a Deus: eles esperavam ser recompensados por isso. Não serviam a Deus de boa vontade e com prazer, o que se torna claro ao dizerem que andavam de luto diante do seu Deus. Como as recompensas não vinham imediatamente, sem dúvida a tristeza deles aumentava. Se tivessem sido motivados por amor, ou mesmo pelo temor a Deus, sua atitude seria muito diferente. Igualmente temos hoje em dia muitos que praticam uma religiosidade aparente: comparecem aos cultos e reuniões da igreja, fazem rituais, dão esmolas e até praticam a caridade, pelo mesmo motivo egoísta. Eles não têm nenhum prazer nisto, e como aqueles judeus, eles se verão desiludidos porque não encontrarão nenhum resultado imediato.

A natureza das bênçãos de Deus também não estava sendo entendida. A nação de Israel recebia bênçãos de espécie material, e recebia paz e prosperidade em troca da sua lealdade ao SENHOR seu Deus. Todavia, as bênçãos de Deus aos que O temem e amam são muito mais valiosas e duráveis do que boa saúde e riqueza material nesta vida: como lemos no Salmo 73:23-27, de Asafe: “Tu me guias com o teu conselho e depois me recebes na glória. Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra. Ainda que a minha carne e o meu coração desfaleçam, Deus é a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre. Os que se afastam de ti, eis que perecem; tu destróis todos os que são infiéis para contigo.” Provas e tribulações (não saúde e prosperidade), são a porção aqui em baixo de quem quer que tema a Deus e confie no Senhor Jesus, como Ele próprio sofreu durante o Seu ministério na terra. A sua herança e recompensa estão esperando por eles no céu.

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