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sábado, 7 de agosto de 2010

Os Reis de Israel até Salomão - Parte I







SAUL

A escolha e aclamação de Saul

1 Samuel 9 e 10

O povo de Israel pediu que Samuel lhes desse um rei, usando como pretexto o fato que Samuel estava velho e seus dois filhos, que Samuel havia nomeado como juízes, serem indignos dessa posição de liderança (l Samuel 8.1-9). 0 verdadeiro motivo era que o povo queria ter um homem à testa da nação, como as nações gentias ao invés da soberania invisível do SENHOR.

Após consultar o SENHOR, Samuel preveniu o povo das conseqüências de se submeterem à autoridade de um homem: teriam que abrir mão da sua liberdade e lhe entregar o que pedisse deles. E sua decisão de adotar a monarquia seria irrevogável. Mas o povo insistiu que queria um rei.

O SENHOR atendeu ao seu clamor e escolheu um homem conforme eles queriam: Saul ( Solicitado). Ele era de família rica, "tão belo que entre os filhos de Israel não havia outro mais belo do que ele; desde os ombros para cima sobressaia a todo o povo" (l Samuel 9:2).

Para o povo, seria fisicamente o homem ideal para estar à sua testa. Nada se diz sobre o seu caráter, que deveria ter sido o fator mais importante na escolha de um rei: o povo se guiava pela aparência exterior. Ele pertencia à tribo de Benjamim que, numa ocasião no passado, havia sido quase exterminada pelo resto do povo (Juízes 20.20,21; 21.16).

Saul aparece no relato bíblico já adulto, enviado por seu pai numa missão importante: procurar umas jumentas deles que se haviam extraviado. Ele não podia sequer ter imaginado o que ia acontecer durante essa viagem. Ele não ia achar as jumentas, mas ele próprio ia ser achado por Samuel para ser ungido rei de Israel.

Pouco sabemos que influência o que fazemos vai ter na nossa vida, e nos surpreendemos mais tarde quando descobrimos como Deus muda o nosso rumo com o que nos parecia apenas circunstancial.

Saul e o seu servo subiram pelos montes e desceram pelos vales por toda a região onde moravam mas não acharam as jumentas. Saul já estava desistindo, preocupado que seu pai iria agora se afligir por causa deles. Obviamente tinha consideração por ele, algo de positivo.

Mas o seu servo sugeriu que, primeiro, fossem consultar Samuel, descrevendo-o como "um homem de Deus, muito estimado, tudo o que ele diz sucede". Foi um belo testemunho; que nós também tenhamos um bom testemunho assim daqueles que nos conhecem.

Parece que Saul não tinha conhecimento, ou pelo menos algum intercâmbio anterior com Samuel, embora fossem quase vizinhos. Ele pensava que Samuel vendia os seus serviços. Eventualmente descobriu que Samuel ia lhe dar muito mais do que a simples informação sem lhe cobrar absolutamente nada.

Existe a tendência hoje em dia de querer negociar com Deus: mediante promessas, ou ofertas. Deus nos dá suas bênçãos de graça, e muito mais do que podemos imaginar, bastando confiarmos em seu Filho.

No início os profetas eram chamados "videntes", porque tinham visões e enxergavam o que os outros não podiam ver. Os falsos profetas eram chamados "adivinhos" (Josué 13:22). 0 profeta era porta-voz de Deus, falando em Seu nome e mediante a Sua autoridade (Êxodo 7.1, Jeremias 1.9; Isaías 51.16), logo o que ele dizia não era procedente do homem mas de Deus (2 Pedro 1.20, 21; compare Hebreus 3.7; Atos 4.25; 28,25).

Tendo encontrado algum dinheiro, Saul e seu servo seguiram à procura de Samuel, e algumas moças indicaram para eles onde ele se achava.

Na véspera, o SENHOR havia já prevenido Samuel que Ele lhe enviaria àquelas horas um benjamita que ele deveria ungir por príncipe sobre o seu povo de Israel, para que livrasse o povo dos filisteus.

É curioso como o SENHOR providenciou para que isso viesse a acontecer:
Ao entrarem pela porta da cidade, Saul e seu servo encontraram Samuel que estava saindo por ela para subir ao lugar elevado reservado para adoração e sacrifícios. Samuel viu a Saul e o SENHOR lhe disse que esse era o homem de quem lhe falara, e que iria dominar sobre o Seu povo. Mas Saul não sabia que era Samuel - decerto nunca o vira antes, donde deduzimos que não costumava freqüentar a área do tabernáculo.

Saul pediu para Samuel lhe mostrar a casa do vidente, e Samuel se identificou como sendo o vidente, e o convidou para ir comer com ele e passar a noite ali. Quanto às jumentas, ele informou que já haviam sido achadas antes que Saul tocasse no assunto, provando que era o vidente, mesmo. Mas ao mesmo tempo disse-lhe que tudo o que era precioso em Israel estava reservado para Saul e a família do seu pai (como rei, ele teria o melhor do reino para si).

Saul, talvez sem muita sinceridade, declarou estar surpreendido porque pertencia à menor das tribos e a sua família era a menor das famílias dessa tribo. Como ficou revelado mais tarde, ele era egoísta e altivo, mas não tinha muita vontade de assumir tão grande responsabilidade como a de ser o rei de Israel. Ele não estava disposto a servir ao SENHOR da maneira que era requerido dele e mais tarde mostrou-se ciumento, inseguro, arrogante, impulsivo e enganador. Por causa disto, o reino foi tirado da sua dinastia.

No jantar, diante de trinta pessoas, o lugar de honra foi dado para Saul e o seu servo, e Samuel deu a Saul a coxa dianteira do sacrifício, normalmente dada ao sacerdote oficiante do sacrifício (Levítico 7.32-33), um meio de conceder-lhe honra superior à de todos os demais convidados.

Voltando para a cidade, Samuel e Saul tiveram uma conversa sobre o eirado (não havia telhado, e a superfície que cobria a casa era normalmente usado como dependência, até para dormir, como fez Saul em seguida). No dia seguinte, ao saírem da cidade, Samuel derramou azeite sobre a cabeça de Saul, em segredo, ungindo-o assim como "príncipe sobre o povo de Israel", em nome do SENHOR.

A partir de Saul todos os reis, como os sacerdotes, eram ungidos por um sacerdote ou um profeta, com uma mistura de óleo de oliva, mirra e outras especiarias, indicando a sua consagração diante de Deus e simbolizava a presença e o poder do Espírito Santo na sua vida. A coroação simbolizava a aceitação do rei pelo povo.

Samuel disse a Saul o que lhe iria acontecer no caminho para casa: primeiro ia achar dois homens junto ao sepulcro de Raquel que lhe confirmariam que as jumentas haviam sido achadas, mais adiante encontraria três homens subindo a Deus a Betel que o saudariam e lhe dariam dois pães, e, por fim, ao entrar em Gibeá-Eloim ele encontraria um grupo de profetas descendo do alto, precedidos de instrumentos de música, e eles estariam profetizando. 0 Espírito do SENHOR viria sobre Saul e ele profetizaria com eles.


O coração de Saul foi mudado por Deus, e tudo o que Samuel dissera aconteceu. Depois do encontro com os profetas o Espírito do SENHOR veio sobre ele e ele também profetizou, surpreendendo alguns conhecidos seus. Naqueles tempos, o Espírito do SENHOR vinha sobre uma ou outra pessoa para que fizesse certa coisa, mas se retirava depois - isto também aconteceu com Saul (l Samuel 16.14). Ele guardou segredo sobre o que havia se passado, nada dizendo a ninguém.

Samuel reuniu o povo, novamente mostrou-lhes que haviam rejeitado ao SENHOR por terem pedido um rei, e em seguida prosseguiu com o lançamento de sortes: era um meio de determinar a vontade de Deus com perguntas que exigissem "sim" e "não" como resposta (Josué 7:15-18). 0 resultado foi a indicação de Saul.

Houve uma relutância inicial dele, escondendo-se entre a bagagem, mas o SENHOR indicou onde estava e foi achado, aprovado e aclamado pelo povo. Isto foi registrado por Samuel num livro que pôs perante o SENHOR (diante da arca).

No entanto, alguns entre o povo, chamados "filhos de Belial", o desprezaram, mas Saul não lhes deu ouvidos.


A vitória de Saul sobre os Amonitas

1 Samuel 11

Naás o amonita sitiou Jabes-gileade. Os amonitas eram descendentes de Ló (Gênesis 19:38) e se associavam com os moabitas, também descendentes de Ló, com quem viviam ao oriente do rio Jordão, ao norte do mar Morto. Seu ídolo nacional era Milcom, ou Moloque (l Reis 11:5), e haviam sido derrotados por Jefté (Juízes 11:33). Jabes-gileade também estava ao oriente do rio Jordão, pertencendo à tribo de Gade, vizinha dos amonitas.

Os homens de Jabes-gileade temeram Naás e procuraram fazer um acordo de submissão a ele. Sem dúvida não confiavam no SENHOR para sua libertação, e estavam dispostos a se submeter a um povo idólatra para salvar a sua pele. Tinham medo de enfrentar o inimigo. Isto nos lembra que o diabo, nosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge, procurando alguém para devorar (1 Pedro 5:8). Não devemos procurar um acordo com ele, mas ser sóbrios e vigilantes, e resistir-lhe firmes na fé.

Os gileaditas se haviam declarado prontos a sacrificar sua liberdade e propriedades em troca da paz, e se os amonitas tivessem se contentado com isso, a questão estaria resolvida. Mas Naás julgou que podia exigir ainda mais: que os olhos direitos de todos eles fossem vazados. Alem da dor e sofrimento que isso causaria, a perda do olho direito incapacitaria os homens para a guerra, pois o olho esquerdo, geralmente, ficava escondido sob o escudo. Com isso ele traria vergonha sobre todo o Israel, de quem faziam parte, pois seriam considerados fracos e covardes por permitirem que uma das suas cidades principais fosse assim maltratada, sem que procurassem resgatá-la.

Os anciãos de Jabes pediram-lhe o prazo de sete dias para que pudessem verificar se haveria em Israel alguém que os livrasse. Naás concedeu o seu pedido, aparentemente convencido que em tão pouco tempo seria impossível aos israelitas formarem um exército capaz de derrotá-lo, mesmo se os mensageiros conseguissem convencê-los a vir em seu socorro. A vergonha para Israel seria ainda maior. Por outro lado, se não concordassem em deixar os mensageiros passar, os cidadãos de Jabes provavelmente iriam resistir por muito mais tempo, e os amonitas teriam que tentar tomar a cidade à força, o que seria custoso, pois muitos morreriam, inclusive os homens de Jabes que haviam se oferecido a serví-los. A cidade já estava sitiada, portanto ninguém podia escapar.

Os mensageiros de Jabes atravessaram o rio Jordão e foram relatar o caso em Gibeá, mais ao sul, ou porque haviam sido mandados até lá, ou porque, no caminho, souberam que o novo rei de Israel estava lá. Mas Saul estava trabalhando com seus bois no campo: notemos a sua humildade pois, tendo sido aclamado rei da nação, não se achou tão importante a ponto de abandonar a assistência que dava ao seu pai.

O povo de Gibeá, ao saber da mensagem que lhe era trazida, se pôs a chorar: preferiam lamentar o perigo e triste destino dos seus irmãos em Jabes do que providenciar para ajudá-los - dar-lhes suas lágrimas mas não seu sangue. Eles choraram, desesperando de ajudar os de Jabes, e provavelmente receosos que o inimigo, tendo conquistado aquela cidade, avançasse até onde eles estavam. Eles também não confiavam no livramento do SENHOR.

Voltando Saul para a cidade, ouviu todo aquele choro e perguntou do que se tratava. Notemos sua compaixão pelo povo: como bom magistrado, ele sentia pelo povo quando ele chorava. Ao ser informado do que acontecia em Jabes Gileade, o Espírito de Deus se apossou dele e ele se irou, zeloso pela segurança e honra de Israel. A ira é uma emoção forte, mas é admissível quando dirigida contra a crueldade e injustiça. A ira de Saul o moveu a tornar providências para socorrer os habitantes de Jabes. Nós também podemos canalizar nossa ira contra o pecado e a perversidade construtivamente, dentro dos desígnios de Deus.

Fazendo uso da sua nova autoridade e poder, Saul mandou mensageiros por todo o reino, convocando o povo inteiro para a guerra contra os amonitas. Modestamente, ele incluiu o profeta Samuel na sua mensagem ao povo, talvez porque ainda não tinha confiança na obediência do povo somente a ele próprio. Também ameaçou destruir os rebanhos daqueles que não o atendessem: leis sem sanção de uma pena pelo não cumprimento, têm pouca força.

O povo realmente veio, mas foi porque caiu sobre eles o temor do SENHOR: tão solidários estavam que saíram como um só homem. A tribo de Judá é mencionada em separado, como acontece muitas vezes na Bíblia. Não só era a tribo maior (Números 1:20-46), e da qual sairia mais tarde a maioria dos reis de Israel (Gênesis 49:8-12), mas seria uma das poucas tribos para voltar-se para Deus após um século de cativeiro, e, principalmente, era a tribo de onde proviria o Messias, o Senhor Jesus (Miqueias 5:2).

Tudo aconteceu muito depressa, tanto que Saul pode mandar os mensageiros dos habitantes de Jabes de volta com a promessa que no dia seguinte o exército de Israel já estaria ali para livrá-los.

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