Saul não mais pensava em agradar a Deus, mas em satisfazer seus próprios desejos. Samuel também havia gostado de Saul e queria que ele tivesse sucesso. Mas Deus agora rejeitou Saul: Samuel, obediente ao SENHOR, teve que cumprir as Suas ordens. A desobediência de Saul tinha que ser castigada.
Saul pensou que havia ganho uma grande batalha sobre os amalequitas, e construiu um monumento para si. Que orgulho!
Quando viu que a sua desobediência tinha sido descoberta, Saul procurou transferir a culpa para o povo: mas, como rei, ele era o maior responsável. Vemos aqui a fraqueza do seu caráter.
Saul ainda procurou justificar-se mostrando-se muito piedoso: ele queria os animais mais excelentes para oferecer em sacrifício ao SENHOR Deus de Samuel! Talvez Saul pensava que ninguém iria perceber a sua mentira e assim não seria censurado. Pessoas desonestas logo começam a acreditar nas suas próprias mentiras, e depois não sabem distinguir entre o que e verdade e o que é mentira.
Aqui aparece a declaração "obedecer é melhor do que o sacrificar", que aparece muitas vezes na Bíblia (Salmos 40:6-8; 51:16, 17; Provérbios 21:3; Isaías 1:11-17; Jeremias 7:21-23; Oséias 6:6; Miqueias 6:6-8; Mateus 12:7; Marcos 12:33; Hebreus 10:8, 9). Não que Deus não se agrada de sacrifícios como ofertas a Ele, mas nada valem se quem as faz não mostra seu amor primeiro pela obediência.
A rebelião e a obstinação são pecados tão sérios quanto a feitiçaria e a idolatria e o culto a ídolos do lar. Foi por isso que Saul foi agora rejeitado como rei, pelo SENHOR. É uma mensagem importante para nós que nos chamamos filhos de Deus. 0 Senhor Jesus disse "Vos sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando" (João 15:14). Ser desobediente a Ele é ser rebelde a Deus, e é pior do que feitiçaria.
Saul se arrependeu, mas isto não lhe deu o reino de volta. Como pessoa, Deus o perdoou e aceitou o sacrifício que fez logo depois com Samuel. Isto era importante para que não perdesse a confiança dos anciãos do povo.
Samuel executou ele próprio o rei dos amalequitas, diante do SENHOR, retirou-se e nunca mais viu Saul até o dia da sua morte.
A ruína e morte de Saul
1 Samuel 28, 31
Tendo Saul sido rejeitado por Deus por causa da sua desobediência em não exterminar completamente os amalequitas, Samuel sigilosamente ungiu Davi como sucessor de Saul, por ordem do SENHOR (1 Samuel 16:1-13).
O Espírito do SENHOR se apossou de Davi daquele dia em diante, mas retirou-se de Saul, e um espírito maligno da parte do SENHOR veio atormentar Saul (l Samuel 16:14). É um dos casos em que lemos que Deus fez uso de um espírito maligno para os Seus desígnios. Deus é soberano, mesmo sobre os "poderes das trevas" (l Reis 22:19-23).
Foi nesta situação que Saul e Davi vieram a se encontrar: Davi foi chamado para tocar harpa diante de Saul, o que lhe aliviava o tormento. Foi essa a introdução de Davi à corte real, onde logo se tomou muito querido, e Saul o fez seu escudeiro (l Samuel 16:21). Davi continuou ainda a apascentar as ovelhas do seu pai, indo periodicamente até Saul (l Samuel 16:15) - isto durou, calcula-se, uns três anos.
Ao fim deste período, o exército de Israel foi desafiado pelos filisteus, que outra vez haviam invadido sua terra. Os filisteus apresentaram um guerreiro gigante, Golias, para que Israel mandasse um dos seus homens enfrentá-lo em duelo: quem vencesse daria vitória para o seu lado, evitando a guerra. Indignado com as blasfêmias e insultos de Golias, o pastor de ovelhas Davi, na falta de outro, foi e o matou com uma pedrada na testa (l Samuel 17).
Saul naquele dia o tomou, não permitiu que voltasse para a casa de seu pai, e o incorporou ao seu exército. Seu filho Jônatas fez-se grande amigo de Davi, e lhe deu sua própria capa e armamento pessoal (l Samuel 18:1-4).
Vendo que Davi era obediente e prudente, Saul o colocou primeiro sobre algumas tropas do seu exército, e o seu sucesso foi tal que Saul o colocou sobre mil soldados.
Mas Saul começou a não vê-lo mais com bons olhos, porque as mulheres cantavam enaltecendo Davi mais do que a ele: um dia teve um acesso de raiva e procurou matar Davi (l Samuel 18:8-11). A partir daí Saul passou a temer Davi, percebendo que o SENHOR era com ele, tendo-se retirado de si (v. 12).
Cheio de ciúmes e rancor a partir desse ponto, Saul perseguiu Davi e o obrigou a ir ao desterro, mesmo até entre os filisteus, onde fingiu estar louco para que não o matassem.
Saul castigava a todos os que davam auxílio a Davi, chegando, em seu furor, a matar oitenta e cinco sacerdotes do SENHOR, e homens e mulheres, meninos e crianças de peito, bois, jumentos e ovelhas em Nobe, cidade dos sacerdotes (l Samuel 22:18,19).
Eventualmente os filisteus se juntaram para uma nova batalha contra o exército de Saul. Este reuniu o exército de Israel, mas se encheu de medo dos filisteus.
Saul consultou o SENHOR (Samuel já havia morrido), mas por causa da sua desobediência anteriormente Deus não o respondeu "nem por sonhos, nem por Urim, nem por profetas" (l Samuel 28:3-6). Desesperado, ele fez-se acompanhar por dois soldados, e, disfarçado, procurou aconselhar-se com o profeta Samuel, já morto, mediante uma médium num lugar chamado En-Dor.
Saul jurou à médium, em nome do SENHOR, que não a castigaria. Com isso, desobedeceu a Deus duas vezes: a própria consulta, e o juramento.
Pelo seu grito e exclamação de grande surpresa, deduzimos que a médium nada teve a ver com a vinda de Samuel. Houve uma interferência extraordinária e desconhecida sobre a sua rotina usual: ela percebeu que algo completamente fora do seu controle estava acontecendo, vendo o que ela pensou ser um "deus" subir da terra, pois ela estava acostumada apenas a usar arte mágica para enganar seus clientes. Em nenhum momento a Bíblia diz que o espírito de Samuel se "incorporou" na médium.
Embora o texto bíblico diga claramente que foi Samuel que lhe apareceu (versículos 12, 15, 16, 20) parece surpreendente à primeira vista que, tendo o SENHOR recusado a se comunicar com Saul através dos meios usuais (versículo 6), o espírito de Samuel subisse do paraíso para falar com ele quando procurou a médium de En-Dor, já que os necromantes e os que consultam os mortos são abominação ao SENHOR (Êxodo 22:18, Levítico 20:27, Deuteronômio 18:9-14).
Não existe outro caso como este na Bíblia, nem outra referência a esta passagem. Os judeus aparentemente nunca puseram em dúvida este texto bíblico, e seus comentaristas, baseados no hebraico, aceitam que foi realmente o espírito de Samuel. Que fosse Samuel mesmo quem subiu não é somente o que a escritura diz, o que já é amplamente suficiente para a maioria de nós, mas os comentaristas que se batem pela ortodoxia bíblica são quase unânimes em declarar que o profeta morto realmente apareceu e anunciou a destruição de Saul e do seu exército. Mas eles mantém que Samuel não subiu em virtude das artes mágicas da médium, mas através de um milagre produzido pela onipotência de Deus.
Se aceitarmos a inspiração divina na redação original do texto bíblico, não podemos deixar de concordar que foi realmente o espírito de Samuel. Se admitirmos que Satanás teve a liberdade de inserir uma mentira no relato bíblico, abrimos uma brecha na credulidade que nos merecem todas as Escrituras Sagradas.
Samuel subiu do paraíso no Sheol, onde se encontrava, para falar com Saul: a Bíblia não nos diz a razão por que Deus o permitiu e só podemos fazer conjecturas a esse respeito. Por exemplo, seria talvez uma última oportunidade para Saul se arrepender, confessar seus pecados, e voltar-se para Deus?
A vinda de Samuel não trouxe consolo para Saul, pois, além de repreendê-lo por chamá-lo, Samuel confirmou a justiça de Deus, anunciou a sua morte iminente e a dos seus filhos (que combatiam com ele) e a vitória dos filisteus sobre o seu exército. Saul, já enfraquecido por não ter comido nada por cerca de vinte e quatro horas, foi tomado de grande medo por causa das palavras de Samuel, caiu por terra e ali lhe faltaram as forças.
Podemos tirar algumas lições para nós desta ocorrência, e certamente esta é a principal razão porque é relatada na Bíblia, embora dando origem a muita controvérsia:
1. Deus, mediante seu Espírito age com a Sua Palavra para convencer o homem do seu pecado, levando-o ao arrependimento. Mas não agirá para sempre (Gênesis 6:3). "Enquanto tendes a luz, crede na luz, para que vos tomeis filhos da luz" (João 12:36). 0 incrédulo que resiste está em perigo de cometer o pecado contra o Espírito Santo, para o qual nunca terá perdão.
2. A desobediência a Deus nunca vai nos tirar de um apuro ou nos livrar das conseqüências de nos termos afastado dEle.
3. Ninguém, vivo ou morto, pode ajudar-nos, se Deus nos desampara. Esta é uma mensagem para os que confiam na intervenção dos vivos, sejam eles clérigos ou "gurús", ou dos mortos, sejam "santos" (veja Jeremias 15:1) ou "espíritos". Há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem (l Timóteo 2:5).
4. Consultar os "espíritos" através de médiuns não somente é abominável diante de Deus, mas é enganoso e resulta em desgraça (Isaías 8:19-22).
Conforme avisado por Samuel, Saul perdeu a batalha no dia seguinte, e suicidou-se. Seus três filhos que estavam com ele, entre os quais Jônatas, também morreram na batalha.
DAVI
1 SAMUEL 16
Davi significa "amado" em hebraico. Ele era o oitavo e o filho caçula de Jessé, um fazendeiro de Belém. O seu pai parece ter sido pessoa de vida humilde. Não temos o nome da sua mãe. Ele é descrito como ruivo, de belos olhos e boa aparência (ver. 12 e cap. 17.42), e se ocupava pastoreando as ovelhas do seu pai nos planaltos de Judá, o que lhe dava tempo para tocar flauta e dedilhar a harpa.
Mais tarde, com a inspiração do Espírito Santo ele teve oportunidade de fazer uso desse talento musical para escrever a letra e compor a música de vários salmos de louvor e proféticos que passaram a ser cantados no tabernáculo, e mais tarde no templo. Muitos estão transcritos para o livro de Salmos, em nossas Bíblias.
Ele tinha uma fé firme em Deus, e fisicamente era muito forte, tendo com suas mãos matado um leão e um urso que ameaçavam o seu rebanho.
No capítulo 15 vimos como Saul foi rejeitado por Deus. Deus já conhecia o seu coração, arrogante e desobediente, do que Saul já havia dado provas. Não era preciso esperar até o fim do seu reinado para condená-lo e nomear o seu sucessor, embora o SENHOR lhe concedesse mais alguns anos no trono para que ele demonstrasse a sua natureza perversa claramente ao povo que o havia escolhido. Durante esse tempo, sem que ele o soubesse, o seu sucessor seria ungido e preparado para tomar o trono em seu lugar quando chegasse a hora.
Assim foi que, quando Davi tinha ao redor de seus 20 anos e se ocupava com o rebanho do seu pai, o último juiz de Israel e profeta Samuel veio até a casa do seu pai.
Samuel tinha estado com pena de Saul porque o SENHOR o havia rejeitado, e estava talvez aguardando os acontecimentos na esperança que houvesse um arrependimento e mudança de atitude por parte de Saul. Mas o SENHOR sabia que isso nunca haveria de acontecer, e a hora havia chegado de preparar o seu sucessor.
O SENHOR mandou que Samuel fosse até a casa de Jessé, com um chifre de azeite para unção, porque havia providenciado para que um dos seus filhos fosse rei. Samuel estava com medo de Saul, provavelmente com muita razão (cap. 18.11). Para lhe dar cobertura, o SENHOR o instruiu para realizar a unção enquanto estivesse em Belém, em missão oficial de sacrifício ao SENHOR.
O SENHOR disse a Samuel o que devia fazer, mas não lhe deu informação prévia sobre quem ele deveria ungir dentre os filhos de Jessé. Esta falta de conhecimento também lhe daria alguma proteção se Saul interviesse, como Samuel temia. Vemos aqui a paciência que o SENHOR teve com o velho e fiel Samuel.
Samuel obedeceu e foi a Belém, levando um novilho para oferecer em sacrifício. É curioso ver o temor dos anciãos da cidade ao ver Samuel chegar ali. Eles sabiam que Samuel era o profeta de Deus e a sua visita não estava programada. Por causa da sua idade, Samuel já não saía muito - quando o fazia era por motivos importantes. Os anciãos logo pensaram que Samuel viera para pronunciar e executar algum julgamento entre eles.
Samuel os tranqüilizou dizendo que sua visita era de paz, e os convidou para o sacrifício. Todos deviam se purificar primeiro (Gênesis 35:2; Êxodo 19:10, 14; Josué 3:5): era uma lavagem cerimonial antes de se apresentarem diante de Deus, figura da necessidade de santificação antes entrarmos na presença dEle (Hebreus 10:22).
Foi, em seguida, até a casa de Jessé e convidou a ele e aos seus filhos também para o sacrifício. Não está bem claro se Samuel contou a Jessé e aos seus filhos a razão da sua presença, mas todos foram sendo introduzidos um a um ao profeta, para ver a quem o SENHOR havia escolhido para ser ungido por ele. Para a surpresa de Samuel, o SENHOR não havia escolhido nenhum dos sete filhos que apareceram, levando-o a perguntar a Jessé se porventura haveria mais algum. "O SENHOR não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração."
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