O SENHOR dá sabedoria a Salomão
Um dia, no início do seu reino, tendo Salomão feito um grande sacrifício ali ("mil holocaustos"), o SENHOR lhe apareceu de noite, em sonhos, e lhe disse "Pede-me o que queres que eu te dê."
Lemos no Velho Testamento de várias pessoas a quem Deus apareceu em sonhos, e algumas também no Novo Testamento. Hoje Ele nos fala pela Sua palavra, a Bíblia.
Salomão respondeu sabiamente. Não há dúvida que Deus sabia de antemão o que Salomão ia pedir, assim como sabia do que Salomão precisava. Mas era necessário que Salomão o pedisse - tanto para que ele fosse provado e reconhecesse de Quem vinha o dom que Deus iria lhe dar, mas também para o nosso conhecimento, sendo também um exemplo para nós.
Deus sabe muito melhor do que nós aquilo de que precisamos, mas Ele deseja que peçamos a Ele o que queremos, para mostrar que reconhecemos a nossa dependência e para podermos louvá-lo ao vermos respondido o nosso pedido.
Salomão orou muito sabiamente:
1. Reconheceu que foi por causa da fidelidade, justiça e retidão de coração de seu pai Davi, que Deus agia com grande benevolência para com ele. Deus é galardoador dos que O buscam e procuram fazer a Sua vontade.
2. Declarou a sua convicção que foi por causa dessa benevolência que ele próprio, Salomão, havia nascido e agora ocupava o trono do seu pai, continuando a sua dinastia (1 Crônicas 22:9).
3. Admitiu humildemente as suas deficiências: era muito novo, inexperiente.
4. Reconheceu sua responsabilidade: o povo era muito numeroso, e o SENHOR o havia elegido para governá-lo.
5. Continuando com seu raciocínio, pediu aquilo de que mais necessitava nessas circunstâncias: um coração compreensivo para julgar o povo, para discernir prudentemente entre o bem e o mal.
Em suma, ele reconheceu a supremacia de Deus bem como sua própria fraqueza diante da tarefa que lhe fora dada, e confiou que Deus lhe daria o que mais precisava para executá-la.
É um exemplo para todos os crentes em Cristo, quando lhes é dado um trabalho na obra de Deus. Reconhecimento, fé, humildade, seriedade, dependência não em suas próprias forças, mas nas que Deus lhe dará. Deus promete dar sabedoria a quem o pedir (Tiago 1:5).
Notemos que Salomão pediu discernimento para fazer o seu trabalho, não que Deus fizesse o trabalho para ele. Não devemos pedir a Deus que Ele faça para nós aquilo que Ele vai fazer por nosso intermédio. Como Salomão, o nosso pedido deve ser para que Ele nos dê sabedoria para saber o que fazer, e forças e coragem para fazê-lo.
A oração de Salomão agradou ao SENHOR: obviamente fora feita segundo Sua vontade e Ele explicou porque:
1. Não fora uma oração egoísta, pedindo coisas para seu próprio benefício, como uma vida longa, riquezas e tranqüilidade com a morte dos seus inimigos.
2. Ele havia pedido entendimento, para discernir o que é justo: ele buscara a justiça que provém de Deus, para que o povo fosse governado segundo os padrões da justiça divina.
Deus apreciou o seu altruísmo, e o seu desejo de obedecer a Ele em sua conduta naquele posto tão importante. Assim sendo, Deus o atendeu acima do que Salomão havia pedido, pois lhe prometeu:
1. Sabedoria e inteligência acima de qualquer pessoa antes e depois dele.
2. Riquezas e glória, maior do que as de qualquer rei do seu tempo.
3. Sua vida seria prolongada se ele fosse obediente a Deus em toda a sua conduta.
Salomão havia apenas pedido compreensão e discernimento mas o SENHOR lhe deu tudo isso. Deus não promete riquezas neste mundo àqueles que seguem a Cristo, nem vida prolongada aqui neste mundo, mas promete riquezas inimagináveis como herdeiros com Cristo e vida eterna em Sua presença, o que vale muito mais. Se buscarmos primeiro o reino dos céus, tudo o que precisamos neste mundo nos será acrescentado (Mateus 6:31-33).
Ao acordar, Salomão voltou a Jerusalém ofereceu holocaustos e ofertas pacíficas a Deus diante da arca da Aliança do SENHOR, em agradecimento, e festejou o acontecimento com um banquete com todos os seus oficiais.
A sua sabedoria não tardou em ser posta à prova com o julgamento que fez entre as duas prostitutas. Até hoje esse julgamento é conhecido através do mundo, e em seus dias ele lhe trouxe profundo respeito por parte de todos, porque viram que havia nele a sabedoria de Deus, para fazer justiça.
Os versículos 29 a 34 do capítulo 4 nos dão uma pequena síntese da "sabedoria, grandíssimo entendimento e larga inteligência" de Salomão.
Dos seus três mil provérbios, só encontramos umas poucas centenas na Bíblia, e só um dos seus mil e cinco cânticos. Os demais, inclusive seus tratados sobre plantas (dendrologia), animais (zoologia), insetos (entomologia) e peixes (ictiologia) não se encontram ali, decerto por não serem de inspiração divina ou não terem valor espiritual para nós. Sem dúvida os seus achados, baseados na observação e experiência, serviram para adiantar consideravelmente essas ciências em seu tempo.
A CONSTRUÇÃO DO TEMPLO EM JERUSALÉM
1 REIS 4 a 6
Salomão deu estrutura ao seu reino, dividiu-o em doze províncias e nomeou pessoas para os seguintes cargos:
1. o sumo sacerdote.
2. dois secretários de Estado.
3. um cronista.
4. o comandante do seu exército.
5. dois sacerdotes.
6. um intendente-chefe.
7. um ministro pessoal.
8. um mordomo.
9. um superintendente dos que trabalhavam forçados.
10. doze intendentes.
Existe a menção de dois genros de Salomão: obviamente eles só poderiam ter casado com filhas de Salomão muito mais tarde durante o seu reino.
Cada intendente tinha autoridade sobre uma província e era responsável pelo fornecimento de mantimento ao rei e à sua casa por um mês do ano.
Salomão dominava sobre todos os reinos desde o Eufrates, até a terra dos filisteus e a fronteira do Egito - territórios que haviam sido conquistados e povos que haviam sido submetidos a Israel pelo rei Davi. Os povos dominados não faziam parte do território de Israel, mas pagavam tributos e serviram a Salomão durante todos os dias da sua vida.
Havia paz, o povo de Israel se multiplicou e enriqueceu. Cada homem de Israel habitava "debaixo da sua videira e debaixo da sua figueira", ou seja, todos tinham a sua casa e conforto.
Poderíamos chamar Salomão de "príncipe da paz" enquanto Davi era um homem de guerra. Mas a paz que Salomão gozou foi em conseqüência das lutas que Davi teve que enfrentar. Da mesma forma a paz que agora temos com Deus foi conquistada mediante o preço do sangue de Jesus Cristo sobre a cruz do Calvário. Somente mediante o Seu sangue é que podemos gozar dessa paz.
Lemos sobre a quantidade de cavalos que Salomão tinha. Aparentemente houve um erro na antigüidade por parte de um escriba, o número correto sendo quatro mil, confirmado em 2 Crônicas 9:25. O rei havia sido proibido por Deus de multiplicar cavalos para si (Deuteronômio 17:16), portanto eram "importados do Egito e de todas as terras" (2 Crônicas 9:28).
O rei de Tiro, Hirão, era amigo de Davi, e mandou uma embaixada até o novo rei Salomão. Hirão tinha autoridade sobre as florestas de cedro e cipreste do Líbano, e Salomão precisava de madeira para construir o templo que Davi havia planejado. Ele aproveitou a boa vontade de Hirão para contratar com ele o suprimento da madeira de que precisava.
Notemos que Salomão atribuiu ao SENHOR as vitórias do rei Davi e a paz de que agora gozava, e Hirão bendisse ao SENHOR por ter dado a Davi um filho sábio sobre o grande povo de Israel. Devemos sempre dar a Deus a glória pelas bênçãos que dEle recebemos.
Neste comércio vemos a sabedoria de Salomão:
1. ele forneceu mão de obra do seu próprio povo e contratou sidônios hábeis em cortar madeira para trabalhar com eles.
2. ele arregimentou três vezes mais homens do que precisava para o projeto do templo, para que pudessem se revezar e não ficar muito tempo longe: um mês no Líbano para dois em casa.
3. o pagamento pela madeira foi feito em espécie, na forma de provisões de trigo e azeite que eram produzidos em Israel.
4. os troncos que cortavam eram levados pelos sidônios até o litoral, e conduzidos amarrados em forma de jangadas até um lugar conveniente onde eram desamarrados e entregues aos israelitas.
A obra da construção do templo é considerada tão importante, que o seu início é marcado pela contagem dos anos desde o êxodo do Egito, ou seja, 480 anos. Em nossa cronologia, assume-se que foi em 966 AC, tendo o êxodo ocorrido em 1.466 AC, aproximadamente. Levou 7 anos para ser construído.
No capítulo 6 temos uma descrição detalhada da planta do templo, e não é fácil de acompanhar por causa das medidas e linguagem usadas naquele tempo.
Temos a seguir uma descrição resumida e aproximada como segue:
* Media 30 metros de comprimento, 10 metros de largura e 15 metros de altura.
* Era dividido em dois compartimentos, como era o tabernáculo.
* O primeiro compartimento era o "Lugar Santo", que media 20 metros de comprimento, 10 de largura e 15 de altura.
* Nele havia janelas com fasquias (ripas) superpostas, para iluminação e ventilação, provavelmente no alto.
* O segundo era o "Santo dos Santos", elevado a 5 metros do chão, precedido por um vestíbulo com degraus. O "Santo dos Santos", era um cubo, com 10 metros de lado.
* A frente do templo dava para o Oriente, e junto e ao longo dos seus lados e fundo ficavam três andares com câmaras para uso dos sacerdotes, com alturas de 2,5 m, 3 m e 3,5 m a partir do de baixo.
* Na entrada no templo havia um pórtico medindo dez metros de largura e cinco de profundidade, ladeado por duas colunas.
* Dentro do "Santo dos Santos", foram colocados dois querubins de madeira de oliveira de cada lado do lugar da arca do concerto, da altura de cinco metros cada um, de asas estendidas, de maneira que a asa de um tocava numa parede, e a asa do outro tocava na outra parede; e as suas asas no meio da casa tocavam uma na outra.
*
As paredes do templo eram de pedra lavrada, revestida por dentro de cedro talhado com querubins, palmeiras e flores abertas, e o teto era de madeira.
*
A porta pentagonal de entrada para o "Santo dos Santos" era composta de duas folhas de madeira de oliveira lavradas com entalhes de querubins, de palmeiras e de flores abertas; estas, bem como as palmeiras e os querubins, eram cobertas de ouro.
* A porta quadrilateral para entrada do Santo Lugar, era de duas folhas de madeira de cipreste, cada uma feita de duas tábuas dobradiças, lavradas de querubins, palmeiras e flores abertas, todas cobertas de ouro.
* Tudo dentro do templo era revestido de ouro, o soalho, as paredes, o teto, os querubins, etc., de forma que, de dentro do templo, só se via ouro.
* O pórtico de entrada, ou átrio interior, era delimitado por um muro baixo que consistia de três camadas de pedra lavrada e uma camada de vigas de cedro.
* É de se notar que o "Santo dos Santos" no tabernáculo também era um cubo, medindo apenas 5 m de lado. Isso nos lembra que a "Nova Jerusalém" também é um cubo, medindo 2.200 km de lado. Tanto o "Santo dos Santos" como a "Nova Jerusalém" são lugares de habitação de Deus entre os homens.
Salomão deu início à construção do templo no quarto ano do seu reinado e a terminou no undécimo, ou seja, sete anos depois. A construção foi feita com a maior reverência, sendo todas a pedras já preparadas nas pedreiras, de maneira que nem martelo, nem machado, nem instrumento algum de ferro fosse ouvido enquanto edificavam a casa.
A INAUGURAÇÃO DO TEMPLO
1 REIS 7 e 8
No capítulo 7 temos informações sobre edifícios construídos por Salomão para sua residência, para sua esposa a filha do faraó, a Sala do Trono, e outras dependências. Também são enumerados os objetos de ouro e de bronze feitos para uso no templo.
Completado o templo, Salomão transportou para lá as coisas que Davi, seu pai, havia dedicado; a prata, o ouro e os utensílios, ele os pôs entre os tesouros da Casa do SENHOR.
Restava agora levar para lá a arca do concerto, que estava ainda dentro de sua tenda em Jerusalém. Para essa ocasião solene, Salomão reuniu os anciãos de Israel, todos os cabeças das tribos, os príncipes das famílias dos israelitas, e todos os homens de Israel se congregaram junto a Salomão. Era pouco antes da festa dos tabernáculos.
Houve uma grande festa, e a arca, a tenda da congregação, bem como os utensílios sagrados que nela havia foram trazidos ao templo pelo sacerdotes e levitas. O rei Salomão e toda a congregação de Israel, que se reunira a ele, estavam todos diante da arca, sacrificando inúmeras ovelhas e bois.
A arca foi colocada no Santo dos Santos, debaixo das asas dos querubins. Os varais usados para carregá-la não podiam ser tirados (Êxodo 25:15) e, por causa do seu comprimento, eles penetravam uma parede divisória e sobressaiam dentro do Santuário, mas não atravessavam a parede do outro lado. Dentro da arca, nessa ocasião, só restavam as duas tábuas da lei de Moisés. Não se sabe o que aconteceu com a urna de ouro contendo o maná e o bordão de Arão (Hebreus 9:4).
Havendo os sacerdotes saído do santuário, a glória do SENHOR encheu o templo, em forma de nuvem, impedindo os sacerdotes de ministrar. O mesmo aconteceu quando o tabernáculo havia sido terminado, e impediu a entrada nele de Moisés (Êxodo 40:34,35).
Por causa da nuvem, o templo ficou em trevas e Salomão disse que o SENHOR havia declarado que habitaria em trevas espessas. Numa ocasião anterior Moisés "se chegou à nuvem escura onde Deus estava" (Êxodo 20:21). Isso pode parecer surpreendente porque "Deus é luz, e não há nele treva nenhuma" (1 João 1:5). Temos que distinguir entre luz física, natural, criada por Deus, e a luz espiritual que é a essência da glória divina. Nossos olhos físicos não podem contemplar o fulgor da glória divina, por isso Deus aparecia ao povo de dentro de espessas trevas. Só quando formos dotados dos nossos novos corpos espirituais, é que O poderemos ver.
Outra aparente contradição aparece em seguida, quando Salomão diz "na verdade, edifiquei uma casa para tua morada, lugar para a tua eterna habitação." Lemos que "O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas." (Atos 17:24). A arca do testemunho que claramente tipifica o Senhor Jesus, depositada dentro do Santo dos Santos no templo, era apenas símbolo da presença de Deus entre o Seu povo, e Salomão sabia disso (ver. 27).
Em seguida Salomão abençoou o povo ali reunido e louvou ao SENHOR o Deus de Israel por ter cumprido a promessa feita ao seu pai Davi, tornando possível e permitindo que Salomão construísse para Ele uma casa a fim de ali estabelecer o Seu nome.
Salomão então ajoelhou-se defronte ao altar, diante do povo, estendeu as mãos para os céus e consagrou o templo com a oração mais comprida de que lemos na Bíblia.
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