A REBELIÃO DE SEBA
Um homem perverso ("de Belial") chamado Seba, benjamita e possivelmente parente de Saul, aproveitou-se dessa altercação para promover-se a si próprio levantando uma rebelião contra o rei Davi.
Então, daquele cortejo, só ficaram os homens da tribo de Judá, seguindo os outros após Seba. Vemos depois que não eram muitos.
No entanto, Davi prosseguiu até Jerusalém, onde tomou posse da sua casa novamente e segregou as suas dez concubinas, que haviam sido violadas por Absalão, para que vivessem como se fossem viúvas pelo resto das suas vidas.
Tendo substituído Joabe por Amasa, Davi deu-lhe ordem para que reunisse os homens de Judá no prazo de três dias diante dele em Jerusalém.
Amasa no entanto atrasou-se e Davi, ansioso para dar fim à rebelião de Seba, antes que ele com seus homens pudessem se colocar dentro de uma cidade fortificada, enviou Abisai com os homens da guarda e os outros disponíveis para saírem em perseguição a Seba.
Joabe ia com eles, e no caminho encontraram Amasa que vinha de volta. Joabe então o matou traiçoeiramente. A vista do seu corpo no meio do caminho atrasou um pouco a marcha, mas foi afastado e a perseguição continuou até a cidade de Abel-Bete-Maaca, onde Seba e seus homens haviam se refugiado.
Joabe havia já assumido o comando, cercou a cidade e preparava um aterro para assaltá-la quando uma mulher sábia chamou por ele de dentro da cidade e, ao ser informada que ele só queria Seba, ela propôs lançar a cabeça dele pelo muro. Aceita a proposta, ela avisou os homens da cidade, que prontamente decapitaram Seba e jogaram a sua cabeça a Joabe. Isso foi o fim da rebelião.
Mas Davi não conseguira se livrar de Joabe: ele voltou a ocupar o posto de comandante geral do seu exército. Temos a seguir uma nova lista dos oficiais mais importantes do reino de Davi, que pouco difere da lista encontrada no capítulo 8 ver. 15.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
2 SAMUEL 21 a 24
Estes últimos quatro capítulos do livro de 2 Samuel relatam alguns acontecimentos que não obedecem à ordem cronológica, apenas aconteceram "durante os dias de Davi".
Três anos de fome
Capítulo 21
Não sabemos quando aconteceram os três anos de fome relatados aqui, assumindo-se que foi pouco depois de Davi assumir o reino de Israel, depois da morte do rei Saul, pois vieram em conseqüência da ação de Saul.
Séculos antes, sem consultar o SENHOR, Josué e os príncipes de Israel haviam feito um voto solene, em nome do SENHOR, de conservar a vida dos gibeonitas (Josué 9:15-19).
Saul havia procurado destruí-los, assim quebrando esse voto. Por ser ele o rei, todo o povo se tornara responsável e estava sendo castigado. Ao ser consultado por Davi, o SENHOR lhe disse que havia culpa de sangue sobre Saul e sobre a sua família, por haver ele matado os gibeonitas.
Era necessário satisfazer a justiça, e Davi perguntou aos gibeonitas que resgate queriam do povo de Israel, a "herança do SENHOR", para satisfazê-los. Os gibeonitas disseram que nada queriam do povo de Israel, mas como a ofensa vinha de Saul (já morto), pediam que lhe dessem sete dos seus descendentes para que os enforcassem diante do SENHOR.
Davi então lhes deu os dois filhos que Saul teve com sua concubina Rispa e cinco netos de Saul, filhos de sua filha Merabe. Merabe era a filha mais velha de Saul e deveria ter sido dada como mulher a Davi (1 Samuel 18:19). Os gibeonitas os enforcaram.
A dedicação de Rispa aos corpos dessas vítimas, permanecendo junto deles sobre uma penha dia e noite comoveu Davi, que então mandou buscar os ossos de Saul e Jônatas e os enterrou com os corpos dos enforcados na sepultura de Quis, pai de Saul. Depois disto Deus se tornou favorável para com a terra.

O SALMO DE AÇÕES DE GRAÇAS
Capítulo 22
Este salmo foi provavelmente escrito depois que ele se firmou no trono, expulsos os filisteus da terra de Canaã. O seu tema é de louvor ao SENHOR pelo livramento que lhe dera dos seus inimigos, e pelas inúmeras bênçãos recebidas.
Davi era um músico e um compositor de muito talento. Este salmo é uma bela composição literária, e fala do maravilhoso relacionamento que pode haver entre um homem e o Deus Todo-Poderoso, através das lutas enfrentadas com o inimigo das nossas almas.
Encontramos algo muito parecido, com algumas variações, no Salmo 18 e algumas das frases são repetidas no Novo Testamento (p.ex. v.3 em Hebreus 2:13, v.50 em Romanos 15:9). Deste ponto de vista profético, podemos analisar o salmo como segue:
1. Louvor a Deus por ouvir e responder a oração (ver. 2-4).
2. A morte se acercando do Salvador (ver. 5-7a).
3. Deus prevenindo sobre as forças do mal que procuram evitar, sem sucesso, a ressurreição (ver .7b - 20).
4. Razões por que Deus ressuscitou o Messias (ver. 21-30).
5. A segunda vinda do Messias, quando Ele destruirá os Seus inimigos (ver. 31-43).
6. O glorioso reino do Messias (ver. 44-51).
Os homens valentes de Davi
Capítulo 23
O primeiro versículo introduz as últimas palavras inspiradas de Davi, em forma de poesia. Encontramos aqui quatro declarações:
Davi era filho de Jessé: Jessé era um camponês, fazendeiro em Belém e Davi o seu oitavo filho. Sua origem era humilde.
Davi era o homem que foi exaltado: pela graça de Deus ele se tornou o rei de Israel, o trono ficou com a sua descendência, dele séculos mais tarde procedeu o Messias, e ele reinará sobre Israel durante o milênio.
Concernente ao ungido do Deus de Jacó: Davi fora ungido para ser rei. Mas a poesia que se segue fala profeticamente do Ungido de Deus, o Messias.
Do mavioso salmista de Israel: mais do que a sua vida notável e tempestuosa, Davi é lembrado pelas palavras dos seus salmos. A música original se perdeu através dos tempos. Música tocada em instrumentos para ser cantada com salmos e hinos contribui maravilhosamente para a beleza da adoração.
Iniciando com a descrição do governador ideal, o Messias, que "é como a luz da manhã, quando sai o sol, como manhã sem nuvens, cujo esplendor, depois da chuva, faz brotar da terra a erva", neste poema Davi profeticamente faz entrever que por causa da sua aliança com Deus, o Messias virá da sua descendência, donde lhe virá a salvação. Termina com o juízo sobre os "filhos de Belial", os rebeldes, quando Ele assumir o seu reinado.
Em seguida temos o rol dos homens valentes de Davi. Nota-se a ausência de Joabe, decerto por sua malignidade ao matar Abner e Amasa traiçoeiramente, e o indefeso Absalão.
Os atos de heroísmo desses homens são lembrados perpetuamente na Escritura Sagrada. Isso nos lembra que também tudo aquilo que fazemos na obra do Senhor Jesus Cristo, a coragem e a fé que demonstramos através das provas e aflições, e a nossa fidelidade a Ele em nossa luta contra as hostes das trevas estão sendo registrados nos céus, e receberemos nosso galardão no tribunal de Cristo, depois do arrebatamento da Sua igreja (2 Coríntios 5:10).
O recenseamento e suas conseqüências
Capítulo 24
Provavelmente este recenseamento foi feito no intervalo entre a tomada de Jerusalém, e a transferência para lá da arca do concerto.
Embora o primeiro versículo deixe a impressão que foi a ira de Deus que causou o recenseamento, a realidade foi o inverso: Satanás se levantou contra Israel e incitou a Davi a levantar o censo de Israel (1 Crônicas 21:1). Isso desagradou a Deus, embora o tenha permitido. Joabe teve suficiente perspicácia para saber que era um pecado e procurou demover Davi, mas sem sucesso.
O SENHOR havia dado instruções a Moisés sobre recenseamento do povo: quando fosse feito, cada um dos recenseados tinha que pagar o resgate de meio siclo como oferta ao SENHOR, para que não houvesse praga entre o povo (Êxodo 30:11-15). Não vemos menção disto aqui - talvez Davi se esqueceu. Tudo indica que o recenseamento foi motivado pelo orgulho de Davi na força do seu exército, esquecendo-se que as vitórias foram obtidas mediante a graça e o poder de Deus.
Logo ao saber o resultado Davi sentiu remorso, e pediu perdão a Deus, mas já era tarde. O SENHOR lhe propôs que escolhesse entre três castigos, todos tendo como conseqüência morte entre o povo.
Davi optou por uma praga de três dias, na expectativa da misericórdia do SENHOR.
Quando o Anjo de SENHOR estava para destruir Jerusalém o SENHOR o deteve. Davi implorou a Deus que poupasse o povo e castigasse a ele próprio e à sua família. Através do seu profeta Gade o SENHOR mandou que Davi oferecesse um holocausto e ofertas pacíficas ali mesmo numa eira. Davi o fez, comprando a eira e os bois para o sacrifício do dono, um gentio. A praga então cessou.
No lugar da eira, Salomão mais tarde construiu o templo, substituído depois pelo templo de Herodes. Hoje lá se encontra o Domo da Rocha dos muçulmanos, que provavelmente será substituído pelo templo do período da tribulação, e depois pelo templo do milênio.
A MORTE DO REI DAVI
1 Reis 1 a 2:11
A rebelião de Adonias
Davi aos setenta anos já se encontrava debilitado e sua saúde exigia cuidado.
Ele sentia muito frio e o remédio sugerido pelos seus servos, embora nos surpreenda hoje, era prático e usado naqueles dias para os que sofriam desse problema: uma jovem para serví-lo e aquecê-lo com o seu corpo. Tendo ele concordado, encontraram uma jovem muito formosa chamada Abisague, e ela lhe prestou esses serviços. Embora Davi não a tenha possuído, ela foi considerada como sendo uma das suas esposas, como vemos mais tarde.
Adonias, agora o filho mais velho de Davi após a morte de Amnom e Absalão, impaciente pelo trono que julgava ia herdar, tratou de se promover e providenciou carros, cavaleiros e cinqüenta homens que corressem pomposamente adiante dele, exatamente como fizera Absalão (2 Samuel 15:1).
Mas, como mais tarde disse o Senhor Jesus: "todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado" (Lucas 14:11), sua humilhação não tardaria em vir.
Como Absalão, ele era de muito boa aparência, e Davi tinha sido muito indulgente com ele, nunca o disciplinando. Ele não teve dificuldade em se rodear de amigos, entre os quais o general Joabe que já não era benquisto por Davi e via uma oportunidade de restaurar-se com o seu sucessor, e o sacerdote Abiatar.
Um dia ele deu um grande churrasco e convidou apenas os seus amigos. Ele sabia quem continuava fiel a Davi e os deixou de fora, inclusive seu meio-irmão Salomão, filho de Bateseba.
O SENHOR havia dito a Davi, antes do nascimento de Salomão, que Salomão ia ser rei em seu lugar, e iria construir o templo em Jerusalém que Davi havia planejado construir depois da praga que veio em resultado ao recenseamento do povo (1 Crônicas 22:9).
Por certo essa revelação teria vindo através do profeta Natã, e Davi a transmitiu a Bate-Seba, mãe de Salomão, prometendo-lhe que o seu segundo filho (o primeiro morreu) seria rei em seu lugar. É ainda possível que Adonias também estivesse a par, e essa seria mais uma razão para ele procurar se apossar do trono antes que Davi nomeasse Salomão.
Percebendo a intenção de Adonias, Natã se empenhou em evitar que ele levasse avante os seus planos, e cuidadosamente preparou uma estratégia para persuadir o rei a tomar as providências necessárias para passar o trono a Salomão.
Natã falou com Bate-Seba, dizendo que Adonias já se proclamava rei sem o conhecimento de Davi, e que ela e seu filho Salomão agora corriam perigo de vida (o que é bem provável) e sugeriu um plano para que se salvassem.
Em obediência a Natã, Bate-Seba apresentou-se ao rei Davi, lembrou-o que ele havia jurado que Salomão seria seu sucessor, e perguntou porque, então, Adonias reinava? Pois ele havia dado aquele banquete e convidado todos os seus amigos e irmãos menos Salomão. Todo o Israel estava esperando para que Davi nomeasse o seu sucessor mas, se não o fizesse antes de morrer, ela e Salomão correriam perigo de vida.
Nesse momento, aproveitando-se do choque do rei ao ouvir isto, Natã pediu uma audiência, e ao ser chamado à presença do rei contou-lhe a mesma coisa e perguntou se era isso que o rei queria?
Bate-Seba havia se afastado com a entrada de Natã, mas Davi a chamou e lhe disse que faria naquele mesmo dia como havia jurado a ela pelo SENHOR Deus de Israel: seu filho Salomão reinaria depois dele e se assentaria no trono em seu lugar.
Imediatamente Davi instruiu Zadoque, o sacerdote, e Natã, o profeta, e Benaia, filho de Joiada para instalarem Salomão no trono como seu sucessor (Joiada foi um sacerdote - 1 Crônicas 27:5 - e Benaia fora colocado por Davi como chefe da sua guarda real - 2 Samuel 8:18).
Seguindo suas instruções, eles montaram Salomão na mula real e o levaram a Giom, acompanhados da guarda real. Essa mula era o animal de transporte de gala do rei, e montar sobre ela era como sentar-se no trono. Cada príncipe tinha também sua própria mula.
O rei Davi então se pôs a caminho de volta, sendo encontrado pela tribo de Judá ao cruzar o rio Jordão.
Com eles apressou-se a vir Simei (que havia amaldiçoado Davi quando fugia de Absalão) com mil benjamitas, e Ziba (que havia mentido a Davi e com isso recebido dele as propriedades de Mefibosete), a fim de agradar a Davi. Decerto estavam receosos do castigo que mereciam.
Simei se humilhou diante de Davi, reconheceu que lhe havia feito mal, e pediu que o perdoasse. Mesmo contra a vontade dos seus generais, no entusiasmo do momento Davi o perdoou ali - mas não esqueceu a afronta e anos mais tarde, quando estava à morte, instruiu a Salomão que o matasse quando subisse ao trono (1 Reis 2:8,9).
Mefibosete também veio encontrar-se com Davi, e era óbvio pela sua aparência que ele realmente era leal a Davi e havia lamentado a saída dele de Jerusalém.
A explicação que deu para o fato de não ter ido com Davi era evidentemente correta e foi aceita por Davi. Assim mesmo, Davi não puniu Ziba, apenas restituiu a Mefibosete a metade dos seus bens, que havia dado a Ziba. Mas Mefibosete revelou a sua grande lealdade ao rei ao dizer "Fique ele, muito embora, com tudo, pois já voltou o rei, meu senhor, em paz à sua casa".
Barzilai o gileadita, um gentio que havia sido generoso a Davi e aos seus homens enquanto estavam no exílio, acompanhou-o até a passagem do rio Jordão. Davi queria levá-lo com ele até Jerusalém para poder recompensá-lo regiamente por tudo o que ele havia feito.
Mas Barzilai nada quis - dizendo-se muito idoso para poder apreciar a comida e a música, ele achava que ia ser inutilmente pesado ao rei. Ele se contentava em ir um pouco além do Jordão em companhia do rei, para depois voltar para casa. Mas deixou Quimã, possivelmente o seu filho mais novo, com Davi. Seu nome aparece novamente, relacionado com uma hospedaria perto de Belém, Gerute-Quimã (Jeremias 41:17), do que se especula que ela teria sido um presente do rei Davi a Quimã. Também que alguns séculos mais tarde teriam passado por esta mesma hospedaria José e Maria. Quem sabe?
Já um grande cortejo se havia formado: todos os homens de Judá, e a metade dos homens das outras tribos. Mas o favoritismo que Davi havia demonstrado para com a sua própria tribo, e o fato que fora ela que o acompanhara ao atravessar o rio Jordão, levantou ciúmes por parte das outras. Elas não se satisfizeram com a explicação dada pelos homens de Judá, que era apenas porque Davi era seu parente e que eles não tinham obtido nenhuma vantagem pessoal com isso, e replicaram que tinham dez vezes mais direito ao privilégio do que Judá. Judá respondeu ainda com mais dureza, preparando o caminho para a rebelião de Seba.
Giom era uma lagoa, próxima a Jerusalém. Ali ele foi ungido e proclamado com trombeta como rei de Israel e todo o povo exclamou: Viva o rei Salomão! Houve grande alegria, muita música e clamor no caminho até o palácio real, onde colocaram Salomão no trono.
O ruído interrompeu a festa do pretendente Adonias. Ao ouvirem um relato do que havia acontecido e perceberem que a sua rebelião havia sido frustrada, os convidados debandaram. Adonias foi se refugiar no pátio do tabernáculo e ficou segurando os chifres do altar esperando que ninguém o tocasse enquanto estava ali, e exigindo que Salomão jurasse não matá-lo.
Ao ser informado, Salomão disse que Adonias poderia viver em paz se fosse homem de bem, mas seria executado se fosse achada maldade nele. Ele mandou buscar Adonias, que veio e se prostrou em submissão diante de Salomão. Este o mandou ir para casa.
AS INTRUÇÕES DE DAVI A SALOMÃO
Davi começou declarando que ia pelo caminho de todos os mortais: a morte física é o caminho por que passa toda a humanidade, quando deixamos este corpo e nosso espírito deixa esse âmbito material, físico, e passa ainda consciente para o âmbito espiritual.
Em seguida mandou "Coragem, pois, e sê homem!" Um homem de Deus precisa de ter coragem e as virtudes que associamos com um caráter varonil: integridade, força de caráter, determinação, justiça e retidão. A idéia que muitos têm de que um homem piedoso é um tipo efeminado, fraco, refletida nas pinturas religiosas da idade média e da renascença é muito errada. Para ter sucesso no poder, Salomão precisava ser um verdadeiro homem.
Para que Salomão prosperasse em tudo quanto fizesse, em qualquer parte, era essencial que ele fosse fiel ao SENHOR: guardando os seus preceitos para andar nos Seus caminhos, para obedecer os seus estatutos e os seus mandamentos; como rei, fazer cumprir os seus juízos, e os seus testemunhos no templo, tudo em conformidade com o que se encontra escrito na Lei de Moisés.
A segurança da dinastia de Davi no trono de Israel dependia da fidelidade sincera ao SENHOR por parte da sua descendência, e lemos que a partir do próprio Salomão mais tarde, eles falharam. Em conseqüência, os seus sucessores perderam o poder que haviam herdado.
Salomão precisava também começar por limpar o ambiente daqueles que haviam já revelado seu mau caráter e infidelidade durante o reino de Davi, e recompensar aos que lhe haviam sido fiéis. Isso nos lembra que o Senhor Jesus também vai limpar o ambiente de tudo aquilo que ofende antes de dar início ao seu reino milenar.
A morte de Davi é relatada em um curto versículo. Existe um tom de tristeza aqui, pois ele havia sido um grande homem de Deus. Quando o seu primeiro filho com Bate-Seba morreu, Davi havia dito: "Eu irei a ele, porém ele não voltará para mim". Ele agora havia ido. Mas voltará para o seu reino milenar, com o SENHOR (Jeremias 30:9, Ezequiel 34:23-24, 37:24-25, Oséias 3:5).
INÍCIO DO REINADO DE SALOMÃO
1 REIS 2:12 a 46
Introdução
Salomão (Shelomoh: Pacífico) foi o segundo filho do rei Davi com Bate-Seba, sendo que o primeiro, que fora resultado de adultério, havia morrido. Davi lhe deu esse nome e o SENHOR o amou. Davi o entregou nas mãos do profeta Natã, para criá-lo (lembrando Samuel) e este lhe chamou Jedidias (amado do SENHOR). (2 Samuel 12:22-25).
Ainda antes do seu nascimento, o SENHOR havia dito a Davi que Salomão seria rei em seu lugar e iria construir o templo em Jerusalém que Davi havia planejado construir, depois da praga que veio em resultado ao recenseamento do povo (1 Crônicas 22:9).
Quando ele tinha aproximadamente dezessete anos de idade, foi elevado ao trono por seu pai que se encontrava prestes a morrer, para por fim às pretensões de Adonias, mais velho do que Salomão. Antes de morrer, Davi lhe deu conselhos e instruções (1 Reis 2:1-9; 1 Crônicas 22:7-16; 28).
SALOMÃO AFIRMA A SUA AUTORIDADE A ADONIAS
Embora Salomão estivesse já empossado no trono, Adonias ainda tinha ambições de tomar o seu lugar. Salomão havia sido magnânimo com ele, perdoando a sua insurreição contra Davi, e permitindo que ele voltasse para sua casa, dizendo que poderia viver em paz se fosse homem de bem, mas seria executado se fosse achada maldade nele.
Pouco tempo antes de morrer, o rei Davi havia tomado para si uma mulher jovem e formosa, chamada Abisague, mas não tinha tido relações maritais com ela.
Adonias procurou Bate-Seba, mãe de Salomão, e declarou que o reino teria sido dele, e que todo o Israel esperava que ele reinasse se não tivesse sido transferido para Salomão. Com essa declaração ele revelou que ainda se considerava o legítimo sucessor de Davi, embora admitindo a seguir que o reino fora transferido a Salomão porque o SENHOR o havia dado a ele: havia aqui uma insinuação de que ele havia sido injustiçado.
Em seguida ele pediu a intermediação de Bate-Seba junto ao rei Salomão para que Abisague lhe fosse dada por mulher. No seu entender, poderia ser visto por Bate-Seba e Salomão como uma espécie de compensação pela injustiça que lhe fora feita.
No entanto, havia uma significação especial nisso: tomar para si a mulher (ou viúva) de um monarca era participar do privilégio do rei, podendo ser interpretado como uma declaração de igualdade ao rei, um ato de traição, ou mesmo uma reivindicação ao trono. Ter Abisague como sua mulher seria um passo avante para Adonias realizar sua ambição de tomar o trono de Salomão.
Sem dúvida isso era bem sabido naquela época, e explica a cautela de Adonias ao pedir à mãe de Salomão para agir como intermediária. Era de conhecimento geral que Salomão nada lhe negava.
Bate-Seba deixou-se enganar por Adonias, e foi até Salomão pedindo que, como favor a ela, ele atendesse ao pedido de Adonias. Mas, infelizmente para Adonias, Salomão percebeu qual era intenção verdadeira dele. Adonias havia pago a benevolência de Salomão com infidelidade e agora era digno de morte. Enquanto Adonias vivesse, ele não deixaria de conspirar, planejar e aproveitar todas as oportunidades que pudesse para tentar tomar o trono de Salomão. Salomão tomou a única providência cabível nesse caso: mandou executá-lo.
Abiatar
Abiatar era o último descendente do sacerdote Eli, a quem o SENHOR havia declarado profeticamente através de Samuel que sua descendência não continuaria no sacerdócio por causa da maldade dos seus filhos, a quem ele não disciplinava (1 Samuel 2:30-36, 3:12-14).
Ainda jovem, Abiatar fora o único sacerdote a escapar do massacre de sacerdotes na cidade de Nobe (1 Samuel 22:11-23). Abiatar se refugiou com Davi e se tornou o sumo sacerdote permanecendo leal ao rei Davi durante a rebelião de Absalão.
Salomão expulsou Abiatar do templo por se ter envolvido na conspiração de Adonias, mas poupou a sua vida em reconhecimento pelos serviços que havia prestado ao rei Davi.
Joabe
Antes de morrer, Davi havia instruído Salomão a usar sua sabedoria para não deixar que Joabe morresse em paz, pelo que havia feito a Davi (matando o indefeso Absalão) e por ter assassinado os comandantes Abner e Amasa de Israel, em tempo de paz.
Por esses crimes ele estava sujeito à pena de morte. Davi o havia poupado, decerto pelos relevantes serviços que lhe havia prestado, limitando-se a amaldiçoá-lo (2 Samuel 3:29). Mas Salomão nada lhe devia e além disso Joabe havia dado seu apoio a Adonias.
Quando Joabe soube que Abiatar havia sido castigado por sua parte na conspiração, Joabe procurou refúgio indo segurar os chifres do altar, seguindo o exemplo anterior de Adonias que fora em seguida poupado por Salomão.
Mas foi inútil: Salomão mandou executá-lo ali mesmo. O altar de Deus não dava proteção aos que quebrassem a lei de Deus.
Simei
Simei havia traído o rei Davi quando da rebelião de Absalão, amaldiçoando-o e jogando pedras sobre ele (2 Samuel 16:5-13). Mas ao voltar Davi triunfante, Simei se humilhou e pediu perdão. Davi então jurou que não o mataria por aquilo que ele havia feito (2 Samuel 19:23). Mas antes de morrer ele mandou que Salomão não o tivesse por inculpável, e que usando de prudência ele trouxesse morte violenta sobre Simei.
Salomão mandou chamar Simei e o pôs sob prisão domiciliar. Se ele saísse de Jerusalém ele incorreria na pena de morte. Simei se deu por satisfeito, mas três anos depois ele saiu e deu a Salomão o motivo que precisava para executá-lo, o que Salomão imediatamente fez.
Salomão desta forma dispôs logo no início do seu reino daqueles que haviam já revelado seu mau caráter e infidelidade durante o reino de Davi. Com isso ele firmou sua autoridade e abriu caminho para um reino de paz e prosperidade.
Assim também o crente em Cristo conhecerá a paz de Deus quando tirar da sua vida todas as coisas que poderão se opor ao reino de Cristo no seu coração, como prostituição (física e religiosa), impureza, paixão lasciva, desejo maligno, avareza (que é idolatria), ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena, mentira (Colossenses 3:5,8-9).
A sabedoria de Salomão
1 REIS 3 e 4:29-34
Aliança com o Egito
Não sabemos as circunstâncias deste casamento de Salomão com a filha do faraó, mas é bem provável que tenha sido uma aliança com fins políticos, como geralmente acontece entre as famílias das monarquias.
Mediante esse casamento, Salomão procurou garantir a paz com o Egito, que era um dos países mais poderosos daquela época. Adquiriu muitas outras mulheres para si, mais tarde, com fins políticos. Essa desobediência à lei de Deus (Deuteronômio 17:17) lhe trouxe muitos males, inclusive o levou quando velho à idolatria (1 Reis 11:4-5). Essa era sabedoria humana, falha.
Existe a tendência de não se dar muita importância à crença de uma pessoa quando fazemos contratos sérios com elas, particularmente o de casamento, mas o que pode parecer ser uma pequena diferença pode ter um impacto severo sobre o relacionamento mais tarde.
Deus nos dá padrões para os nossos relacionamentos, inclusive o casamento, e existe uma proibição ao que a Bíblia chama de "jugo desigual" para evitar suas más conseqüências, pois "que sociedade pode haver entre a justiça e a iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas?" (2 Coríntios 6:14).
Os sacrifícios
O povo oferecia sacrifícios sobre os altos "porque até àqueles dias ainda não se tinha edificado casa ao nome do SENHOR". O tabernáculo estava num lugar alto de Gibeão (1 Crônicas 16:39) apesar da arca permanecer em uma tenda própria em Jerusalém (1 Crônicas 15:29, 16:1 e 37). Sem dúvida era ali que Salomão sacrificava e queimava incenso, o que deveria ser feito apenas pelos sacerdotes e levitas.
A prática de usar lugares altos para fazer altares e oferecer sacrifícios é uma prática pré-histórica e universal, ainda em nossos dias. Antes da construção do tabernáculo e do templo, os patriarcas de Israel também o faziam, mas depois ela se tornou um símbolo de prática gentia, idólatra.
Cristo ensinou que Deus não habita em construção feita por mãos de homens, e Ele pode ser encontrado em qualquer parte. Os crentes em Cristo são agora o templo de Deus.
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