INÍCIO DO SEU REINO SOBRE ISRAEL
2 SAMUEL 5 e 6
Só sete anos e meio depois da morte de Saul foi que as restantes onze tribos de Israel finalmente vieram se unir à tribo de Judá sob o reinado de Davi. Foram anos de guerra interna, quando Abner, que apoiava Is-Bosete, ia subjugando essas tribos e finalmente enfrentou o exército menor, leal a Davi, sendo então derrotado.
Morto Is-Bosete, todas essas tribos, representadas pelos seus anciãos, vieram a Davi em Hebrom. Eles declararam reconhecer que eram do mesmo povo que ele, também que lembravam da sua liderança militar sob o rei Saul, e que sabiam que o SENHOR o havia escolhido para liderar Israel.
Com eles Davi fez aliança solene perante o SENHOR e em seguida eles o ungiram rei sobre Israel. Antes ele já havia sido ungido particularmente por Samuel (1 Samuel 16:13) e pela tribo de Judá (2 Samuel 2:4).
Terminou assim o seu período de preparo que envolveu vitórias, aprendizado com o rei Saul, sofrimento, desterro e muitas lutas, durando ao redor de vinte anos desde que havia sido ungido por Samuel. Ele tinha agora trinta e sete anos de idade e o seu reino durou trinta e três anos sobre todo o Israel. Embora o reino fosse outra vez dividido quarenta anos após a sua morte, a sua descendência permaneceu no trono do reino do sul, Judá, por mais de quatrocentos anos.
Como rei do país inteiro, ele providenciou uma capital para o seu reino. Próximo ao centro, no alto de uma serra montanhosa, estava uma fortaleza ocupada por um povo cananeu, os jebuseus (Gênesis 10:16). A fortaleza portanto se chamava Jebus e ficava sobre um monte chamado Sião e era considerada inexpugnável.
Os jebuseus estavam dentro do território de Benjamim (a tribo do rei Saul), mas não tinham sido expulsos quando a terra fora conquistada (Juízes 1:21). Quando perceberam a intenção de Davi eles zombaram dele, dizendo que mesmo os coxos e cegos poderiam defender a sua fortaleza.
Mas Davi era também um hábil estrategista militar, e ao invés de enfrentar os muros fortificados da cidade, ele apanhou os seus defensores de surpresa penetrando nela através de um túnel de abastecimento de água subterrâneo. Devido à chacota dos jebuseus, ele mandou seus soldados matar primeiro os coxos e cegos.
Após conquistar a cidade, ele a fez capital do reino, e a chamou Cidade de Davi. Ela aparece primeiro na Bíblia com o nome de Salém (Paz - Gênesis 14:18), e depois Jeru-Salém (alicerce da paz - Josué 10:1).
A seguir temos um parêntese, dando um pouco da história posterior da cidade. Durante seu longo reinado Davi foi edificando e estabelecendo a sua cidade. O seu poder crescia porque o SENHOR era com ele.
O rei de Tiro mandou-lhe material e mão de obra e edificou uma casa a Davi. Embora tendo se tornado famoso, bem-sucedido e querido pelo seu povo, ele deu a Deus o primeiro lugar em sua vida, reconhecendo que tudo devia ao SENHOR, e serviu ao seu povo de conformidade com os propósitos divinos.
Ele adquiriu para si mais concubinas e mulheres depois que foi viver em Jerusalém e essas lhe deram mais filhos e filhas. Entre eles notamos o nome de Salomão de cuja descendência vem José, marido de Maria, que deu o título real a Jesus Cristo. Sua mãe Maria, por sua vez, é descendente de Natã, outro filho de Davi mencionado aqui.
Fechando esse parêntese, voltamos a Davi logo após a conquista de Jerusalém. Os filisteus, inimigos de Israel, sabendo que Davi seu velho conhecido estava no trono, seguiram pelo caminho de Jerusalém com todo o seu exército, esperando intimidá-lo e submeter o seu reino ao seu domínio.
Ouvindo que eles vinham, Davi desceu até a fortaleza que protegia Jerusalém. Os filisteus chegaram até o vale a oeste de Jerusalém, chamado vale dos Refains.
Como de costume, Davi consultou ao SENHOR, e recebeu a resposta que devia combater e que teria vitória. Davi combatia da maneira em que Deus o instruía. Ele sempre perguntava se devia ou não ir ao combate, seguia com cuidado as instruções que Deus lhe dava, e depois dava a glória a Deus.
Às vezes erramos em nossas batalhas, fazendo o que nos agrada melhor ao invés de considerarmos qual é a vontade de Deus, não levando em conta o que a Bíblia ensina ou os conselhos de gente mais sábia do que nós, e aceitando para nós ou rendendo a outros toda a glória pela vitória, sem lembrarmos de dar graças a Deus. Estas atitudes são pecaminosas.
Davi foi então ao encontro do inimigo, e derrotou os filisteus. Eles abandonaram ali os seus ídolos, que Davi e seus homens queimaram (uma tradução literal é levantaram, e a maioria traduz como levaram). Por isso ele chamou aquele lugar de Baal-Perazim, que significa Baal destroçado.
Algum tempo depois os filisteus voltaram para o vale dos Refains. O SENHOR desta vez instruiu Davi a atacá-los por detrás em determinada hora que Ele lhe indicaria. Davi obedeceu, o SENHOR foi à frente ferindo os filisteus e a vitória desta vez foi definitiva, sendo os filisteus obrigados a se retirarem para a sua terra (Gezer ficava na fronteira).
Tendo portanto agora uma capital para o seu reino, e expulsos os seus inimigos, Davi tratou de preparar para que a presença visível de Deus estivesse em Jerusalém. O objeto mais importante que ficava dentro do tabernáculo era a arca do concerto, e ela ainda estava em Baalá, ou Quiriate-Jearim, na casa de um levita, Eleazar, há mais de vinte anos (1 Samuel 7:1-2).
A arca deveria ficar sempre dentro do compartimento "Santíssimo" do tabernáculo, coberta com uma espécie de bandeja com um querubim de ouro de cada lado, chamada propiciatório, onde era anualmente colocado o sangue da expiação pelo sumo sacerdote. Era o lugar onde Deus se encontrava com o Seu povo, símbolo de Cristo: feito de ouro que representa a Sua divindade, e de madeira, símbolo da sua humanidade.
Davi quis fazer a coisa certa, mas não levou em conta um detalhe: o SENHOR havia ordenado que a arca fosse transportada nos ombros dos coatitas, da tribo de Levi (Números 7:9). Talvez por achar mais prático e cômodo, Davi mandou que colocassem a arca sobre um carro de bois para o transporte. Era um carro novo, e os filhos de Abinadabe o guiavam, um na frente e o outro atrás. Mas a desobediência foi a causa de uma tragédia: os bois tropeçaram e quando o que estava atrás, Uzá, estendeu a mão para segurar a arca, Deus o matou por causa da sua irreverência (Números 4:15).
Davi queria restabelecer o relacionamento entre Israel e Deus, mas Deus teve que lembrar à nação dessa forma dramática que o entusiasmo que sentiam naquela ocasião não lhes dava liberdade para desobedecer às Suas leis. Davi se desgostou e temeu ao SENHOR naquele dia. Na próxima vez que procurou levar a arca até Jerusalém Davi teve o cuidado de fazê-lo da maneira correta (1 Crônicas 15:1-15).
Foi uma cerimônia festiva e muito emotiva. Davi sacrificava bois e carneiros cevados, vestido com uma estola sacerdotal, e pulava com todas as suas forças. O povo jubilava e tocava trombetas com ele. Sua esposa Mical o desprezou - achou que estava faltando com a sua dignidade de rei diante do povo, e o repreendeu depois. Mical é chamada filha de Saul aqui, talvez para realçar que a sua atitude de desprezo ao culto a Deus era como a do seu pai. Mas Davi não se preocupava com sua própria dignidade, e estava cheio de júbilo ao adorar ao Deus que ele amava, tendo o símbolo da Sua presença com ele.
O REINO DE DAVI É CONSOLIDADO
2 SAMUEL 7 a 9
O SENHOR FAZ ALIANÇA COM DAVI
Davi havia tomado Jerusalém, feito dela a capital do seu reino, vencido os filisteus, e levado a arca do concerto até lá. Hirão, o rei de Tiro, havia também construído uma casa real para Davi em Jerusalém, para onde ele transferiu a sua família e seus servos. Então Davi disse ao profeta Natã: "Olha, eu moro em casa de cedros, e a arca de Deus se acha numa tenda."
É a primeira vez que Natã é mencionado. Sempre houve um profeta durante o reino de cada um dos reis de Israel. Eram os porta-vozes de Deus para comunicarem ao rei os propósitos de Deus, e de lhe advertirem quando estivessem errando. A maioria dos reis não lhes deram ouvidos. Natã se precipitou aqui: ele respondeu que Davi tinha liberdade para fazer o que quisesse. Parecia ser uma boa coisa, mas não estava dentro dos planos de Deus.
A tarefa que Deus havia dado a Davi era de unificar e governar Israel e destruir os seus inimigos. Era uma grande tarefa e iria exigir que Davi derramasse muito sangue para cumpri-la. 0 templo não devia ser construído por um homem de guerra, mas por um homem de paz. Mas foi Davi quem fez a planta e preparou todos os materiais para que seu filho Salomão o edificasse (l Reis 5 a 7).
Na mesma noite o SENHOR apareceu em visão a Natã, e lhe deu uma mensagem para transmitir a Davi. Nesta mensagem o SENHOR lembra a Davi que desde que o povo havia sido retirado do Egito Ele andara em tenda, ou tabernáculo e nunca havia ordenado a construção de uma casa de cedro.
O SENHOR também recordou a Davi das suas origens humildes e como o havia exaltado até ocupar a posição que tinha. Em seguida fez-lhe promessas a respeito da sua posteridade, que conhecemos como a aliança davídica. Embora o termo aliança não seja usado no texto ele aparece depois (2 Samuel 23:5; Salmo 89:3, 4, 28, 34-37).
É a primeira vez que Natã é mencionado. Sempre houve um profeta durante o reino de cada um dos reis de Israel. Eram os porta-vozes de Deus para comunicarem ao rei os propósitos de Deus, e de lhe advertirem quando estivessem errando. A maioria dos reis não lhes deram ouvidos. Natã se precipitou aqui: ele respondeu que Davi tinha liberdade para fazer o que quisesse. Parecia ser uma boa coisa, mas não estava dentro dos planos de Deus.
A tarefa que Deus havia dado a Davi era de unificar e governar Israel e destruir os seus inimigos. Era uma grande tarefa e iria exigir que Davi derramasse muito sangue para cumpri-la. 0 templo não devia ser construído por um homem de guerra, mas por um homem de paz. Mas foi Davi quem fez a planta e preparou todos os materiais para que seu filho Salomão o edificasse (l Reis 5 a 7).
Na mesma noite o SENHOR apareceu em visão a Natã, e lhe deu uma mensagem para transmitir a Davi. Nesta mensagem o SENHOR lembra a Davi que desde que o povo havia sido retirado do Egito Ele andara em tenda, ou tabernáculo e nunca havia ordenado a construção de uma casa de cedro.
O SENHOR também recordou a Davi das suas origens humildes e como o havia exaltado até ocupar a posição que tinha. Em seguida fez-lhe promessas a respeito da sua posteridade, que conhecemos como a aliança davídica. Embora o termo aliança não seja usado no texto ele aparece depois (2 Samuel 23:5; Salmo 89:3, 4, 28, 34-37).
DAVI VENCE E SUBMETE OS POVOS VIZINHOS
Uma das promessas dadas pelo SENHOR a Davi foi que os inimigos de Israel seriam derrotados e não mais o oprimiriam (2 Samuel 7:10, l1). Deus cumpriu esta promessa ajudando Davi a vencer as nações que se lhe opunham. Muitos inimigos são citados aqui:
* os filisteus eram um inimigo perpétuo e inveterado de Israel. Davi terminou a tarefa de expulsá-los, não só do território de Israel, mas mesmo das suas próprias fronteiras. Eles habitavam em uma grande parte daquela terra, especialmente ao sul.
* os moabitas, descendentes de Ló que viviam ao oriente do mar Morto. Eram uma ameaça militar e religiosa constante a Israel (Números 25:1-3; Juízes 3:12-30; l Samuel 14:47). Davi matou os maiores e fez dos menores servos para pagar-lhe tributo.
* o rei de Zoba, Hadadezer, filho de Reobe, que, ao ser derrotado, permitiu que se cumprisse a promessa de Deus a Abraão que Israel iria controlar o território ao norte até o rio Eufrates (Gênesis 15:18). 0 rei de Hamate, Toí, ao saber da vitória de Davi sobre Hadadezer, mandou seu filho levar-lhe objetos de prata, de ouro e de bronze para o saudar e congratular-se com ele porque era seu inimigo também.
* os edomitas, descendentes de Esaú (Gênesis 36:1), também grandes inimigos de Israel (veja 2 Reis 8:20; Jeremias 49:7-22; Ezequiel 25:12-14). Davi os submeteu e fez deles seus servos.
Com as suas vitórias Davi obteve grande e valioso despojo, que ele consagrou ao SENHOR. 0 seu território se expandiu consideravelmente para o norte, sul e leste - não para o oeste porque já terminava nas praias do mar Mediterraneo. 0 seu território foi o maior a qualquer tempo ocupado pela nação de Israel.
Davi julgava e fazia justiça a todo o seu povo. 0 seu poder militar estava à altura dos grandes reinos daquele tempo, e o país tinha uma posição estratégica no oriente médio que favorecia o comércio.
DAVI CUMPRE O VOTO FEITO A JÔNATAS
O filho mais velho do rei Saul, Jônatas, havia exigido que Davi jurasse jamais cortar a sua bondade da sua casa, quando assumisse o trono e destruísse todos os seus inimigos (l Samuel 20:14-17).
Atento ao seu voto, Davi indagou se ainda havia algum sobrevivente da casa de Saul a quem ele pudesse mostrar bondade por causa de Jônatas.
Trouxeram então diante dele Ziba, que havia sido servo de Saul, e este revelou a existência de um filho de Jônatas chamado Mefibosete, aleijado de ambos os pés (2 Samuel 4:4). Ele tinha cinco anos quando Saul e Jônatas morreram, mas já era adulto agora e presume-se que andava escondido, temendo Davi. Era de praxe um novo rei eliminar todos os pretendentes ao trono procedentes de outra dinastia.
Ziba o delatou, declarando que estava na casa de Maquir, filho de Amiel, em Lo-Debar (nenhuma pastagem). Davi ordenou que o trouxessem à sua presença.
Mefibosete, decerto temendo pela sua sorte, prostrou-se em terra diante de Davi. Ao invés de mandar executá-lo, Davi o chamou pelo nome, restituiu a ele todas as propriedades que haviam pertencido a Saul, e ainda lhe deu um lugar permanente à sua mesa, como se fosse seu próprio filho. Humilde e atônito, Mefibosete indagava por que o rei Davi o tratava tão bem, ele que não valia nada, "um cão morto".
Ziba foi feito administrador de todas as propriedades entregues a Mefibosete, incumbido de gerar renda para o sustento da casa de Mefibosete, embora ele próprio comesse sempre na mesa do rei. O gesto magnânimo de Davi nos lembra que Deus nos recebe com todos os nossos defeitos, Ele nos aceita e nos salva por causa de Cristo Jesus, ele esquece o nosso pecado e nos trata como Seus filhos. Aqui temos a razão segundo a qual o SENHOR disse que Davi era um homem segundo o seu coração (Atos 13:22).
COMEÇAM AS TRIBULAÇÕES
2 SAMUEL 10 a 12
A DERROTA DOS FILHOS DE AMOM E DOS SIROS.
Amom e Moabe eram filhos de Ló (Gênesis 19:37,38) e seus descendentes eram aliados e inimigos de Israel. Os filhos de Amom tinham sido derrotados pelo rei Saul no início do seu reino, mas o seu rei Naás havia sido bom para Davi, provavelmente durante o seu exílio. Morto Naás, Davi mandou embaixadores ao seu filho Hanum com as suas condolências, como gesto de boa vontade.
Hanum, porém, mal assessorado pelos seus ministros, que desconfiavam que os embaixadores fossem espiões preparando para que sua cidade fosse mais tarde destruída, mandou-os de volta humilhados e extremamente envergonhados.
Não demorou para que os filhos de Amom percebessem que, com essa atitude, haviam agora realmente feito um inimigo de Davi. Tomaram então medidas para se defenderem: contrataram exércitos mercenários, ao custo de aproximadamente 34 toneladas de prata (1 Crônicas 19:6-7), e se reuniram todos para o combate.
Sabedor disso, Davi enviou contra eles a Joabe com o exército de valentes de Israel. Eles eram hábeis guerreiros, e logo desbarataram os mercenários e obrigaram os filhos de Amom a se refugiarem na sua cidade fortificada.
Os siros, a quem pertencia um dos exércitos mercenários, reuniram todos os seus exércitos, e partiram para vingar-se contra os israelitas. Também não tiveram sucesso. Davi pessoalmente comandou o exército israelita contra eles, e teve uma grande vitória. Os siros foram subjugados e nunca mais socorreram os filhos de Amom
DAVI, BATE-SEBA E URIAS
Na primavera do ano seguinte, Davi tomou providências para destruir os filhos de Amom, que antes haviam escapado refugiando-se na sua cidade de Rabá. O inverno que interveio é uma época de chuvas em Israel, quando se faz a sementeira, e os homens se ocupavam com isto.
A primavera é uma estação mais própria para a guerra, porque os caminhos estão já secos facilitando o movimento das tropas e dos carros. Também já se terá feito a colheita do trigo e da cevada, produzindo o alimento de que os exércitos precisam.
Davi enviou seu general Joabe e todo o exército de Israel contra os filhos de Moabe. Estes não puderam resistir à investida e foram derrotados no campo de batalha. Mas a cidade de Rabá era fortificada, tendo os israelitas então que sitiá-la para que os habitantes se rendessem.
A narrativa agora abre um parêntese para focalizar num episódio lamentável na vida de Davi. Ao invés de sair na liderança do seu exército contra os filhos de Amon, como antes fazia, ele ficou em sua casa em Jerusalém. Seria este um erro da sua parte? Prosperidade e o apego ao conforto têm sido a ruína de muita gente. Sem dúvida contribuiu para o que se seguiu.
Uma tarde ele se levantou do seu leito (indicando sua ociosidade) e foi andar pelo terraço da sua casa. As casas do Oriente Médio tinham terraços a céu aberto, que muitas vezes substituíam o telhado, permitindo aproveitar melhor as brisas frescas da noite. Dali ele viu a formosa Bate-Seba tomando banho em sua casa e se interessou nela.
Desencadeou-se então uma série de acontecimentos que precipitaram o rei Davi nas profundezas do pecado:
1. Mandou investigar e foi informado que ela era a mulher de Urias, o heteu. Não obstante, Davi a cobiçou (Êxodo 20:17).
2. Mandou trazê-la e adulterou, deitando-se com ela (Êxodo 20:14).
3. Tendo ela se engravidado, matou o seu marido (Êxodo 20:13).
"A cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte" (Tiago 1:15).
Davi nunca imaginou que, o que ele decerto pensava era apenas um pequeno divertimento, fosse terminar dessa forma.
Quando Bate-Seba lhe disse que estava grávida, ele fez de tudo para esconder o que havia acontecido, mandando buscar o marido dela do campo de batalha e incentivando-o a ir para sua mulher. Mas Urias foi um exemplo extraordinário de dedicação aos seus companheiros e à sua missão e ficou de prontidão à porta da casa real aguardando ordens para voltar ao combate.
A solução que Davi então encontrou foi instruir a Joabe que o colocasse a sós no lugar de maior perigo na peleja, para que assim fosse morto "em combate" pelo inimigo. Joabe assim fez, Urias morreu, e Joabe mandou mensagem a Davi informando-o disso.
Bate-Seba pranteou o seu marido, como de costume, e Davi logo depois a tomou por mulher, o que o permitiria legitimar o seu filho. No devido tempo ele nasceu, e Davi decerto já pensava que tinha resolvido o problema e tudo estava encoberto. Como estava enganado!
Tudo seria descoberto e ressoaria através dos séculos, até os nossos dias. É um dos fatos mais conhecidos sobre ele, mesmo pelo mundo incrédulo. O que ele fizera foi mau aos olhos do SENHOR, e porque a Sua Palavra é verdadeira ela não esconde o fato.
O SENHOR enviou seu profeta Natã a Davi e mediante uma parábola fez Davi entender a enormidade do seu pecado. Natã também declarou a conseqüência que o pecado teria sobre sua família: a espada nunca se apartaria de sua casa, ou seja, seus filhos sofreriam morte violenta, e as suas mulheres seriam violadas por outros publicamente em plena luz do dia.
Tendo Davi confessado o seu pecado, subentendendo-se arrependimento, o SENHOR perdoou o seu pecado e não lhe tirou a vida.
Davi escreveu o Salmo 51 como memorial desse episódio em sua vida, revelando o seu verdadeiro caráter e nos dando também esperança quando somos vencidos pela tentação. Não importa quanto remorso estejamos sentindo e profunda a tristeza que nos encobre, podemos ainda nos aproximar de Deus, confessar a nossa falta e pedir o seu perdão, como Davi fez. Davi escreveu também o Salmo 32 para expressar a alegria que sentiu depois que foi perdoado.
OS FILHOS DE DAVI COM BATE-SEBA
O profeta Natã declarou, porém que o seu filho com Bate-Seba, recém-nascido, teria que morrer, porque com isto Davi dera motivo para que os inimigos do SENHOR blasfemassem. Ainda hoje tem gente que diz: "Como foi que Deus foi escolher um homem capaz de semelhante coisa para ser rei, e permitiu que os seus escritos fossem incluídos na Bíblia?"
Logo o SENHOR feriu o filhinho de Bate-Seba com uma doença grave. Davi fez de tudo o que sabia para ver se podia persuadir o SENHOR a se arrepender da Sua sentença poupando a vida da criança. Mas o juízo de Deus era irreversível e a criança morreu.
Deus nos perdoa e nos restaura à Sua comunhão quando confessamos nossos pecados a Ele, mas as conseqüências das nossas más ações não são eliminadas. Em Sua sabedoria Deus sabia que um filho nascido naquelas circunstâncias nunca poderia assumir a dignidade devida a um filho do rei Davi.
Ao morrer a criança, Davi aceitou o cumprimento da sentença, foi à casa do SENHOR e adorou. O SENHOR então abençoou o seu casamento com Bate-Seba dando-lhes outro filho, que foi chamado Salomão. Este foi o sucessor de Davi ao trono de Israel.
Voltando atrás (saindo deste parêntese), somos informados que Joabe venceu os filhos de Amom e deu a vitória a Davi, que pôs sobre si a coroa muito valiosa do rei deles. Os filhos de Amom foram escravizados (ou executados segundo outra tradução).
O FRATRICÍDIO DE ABSALÃO
2 SAMUEL 13 e 14
A Palavra de Deus nos diz: "Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará." (Gálatas 6:7). O pecado traz conseqüências inevitáveis. Continuando (ver. 8): "Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna."
Sem dúvida Davi havia semeado na carne quando tomou Bateseba e matou o seu marido. Ele havia confessado o seu pecado e Deus o havia perdoado, mas também lhe havia dito "não se apartará a espada jamais da tua casa … da tua própria casa suscitarei o mal sobre ti" (cap. 12:10-11). Deus perdoa o pecado confessado, restabelecendo a sua comunhão conosco, mas não retira as suas conseqüências.
O ESTUPRO DE TAMAR POR AMNOM
Amnom era o filho primogênito de Davi, sendo sua mãe Ainoã, a jezreelita (cap. 3:2), mulher de Davi desde o seu exílio. Se Davi não tivesse cedido à luxúria e adquirido outras mulheres para si, ele teria evitado as tragédias que vieram a seguir.
Tamar, com Absalão seu irmão, eram filhos de outra mulher de Davi, Maaca, filha de Talmai, rei de Gesur, talvez tomada como um despojo de guerra (1 Samuel 27:8). Ela era muito formosa e Amnom se enamorou dela.
Era uma paixão doentia que lhe tirou o apetite, ficando sem comer, pois não via possibilidade de ter relações íntimas com ela, sendo ela uma jovem casta.
Seu primo Jonadabe notou a tristeza de Amnom e, ao saber a razão, logo desenvolveu um plano para conseguir que Amnom ficasse a sós com Tamar em seu quarto. Devemos sempre examinar os conselhos que recebemos, pois eles podem nos levar para o mal, como aconteceu nessa ocasião. Somos nós que vamos sofrer as conseqüências, não os conselheiros.
Os detalhes da perfídia de Amnom a fim de conseguir ficar com Tamar e estuprá-la em sua casa são relatados com toda a sua sordidez. Amor e lascívia são duas coisas bem diferentes. Depois de estuprar Tamar, o "amor" de Amnom se transformou em ódio, demonstrando que não era amor, mas simples lascívia.
Amor é paciente, enquanto a lascívia requer satisfação imediata. Amor é bondoso, mas lascívia é cruel. Amor não é egoísta, lascívia é. Lascívia pode parecer que é amor, no início, mas depois de fisicamente expressada resulta em repugnância por si próprio e ódio pela outra pessoa. Se não puder esperar, não é amor.
O estupro era proibido por Deus (Deuteronômio 22:28,29). Mas expulsar Tamar de casa como Amnom fez era um crime ainda maior, porque dava a entender que Tamar havia se oferecido a ele, e não havia quem testemunhasse a verdade a favor dela, porque Amnom havia esvaziado a casa. O seu crime havia feito com que ela não pudesse ser dada em casamento pois não era mais virgem.
Não obstante, Tamar rasgou suas vestes de princesa, colocou cinza na cabeça em sinal de luto, pôs suas mãos sobre a cabeça e foi se lamentando pelo caminho sendo assim achada por Absalão, seu irmão. Este a consolou e hospedou-a em sua casa, procurando assim evitar um escândalo público dizendo que era apenas uma questão dentro da família.
Mas os padrões de conduta moral estabelecidos por Deus não se alteram dentro do círculo familiar. Secretamente, Absalão foi tomado por um ódio mortal contra Amnom, e aguardou uma oportunidade para eliminá-lo. Sem dúvida ele já sabia que Davi não queria que seu primogênito fosse castigado.
A INDULGÊNCIA DE DAVI
O rei Davi ficou muito irado quando ouviu todas estas coisas - mas nada fez. Como vemos mais tarde, ele tinha um grande amor por Amnom, provavelmente por ser o seu filho primogênito e herdeiro do trono.
Mas também, como vemos daqui para a frente, ele era um pai indulgente que criou uma prole má, da mesma forma que outros personagens da Bíblia. Assim foram o sumo sacerdote Eli e o profeta Samuel. Samuel conhecia os filhos de Eli mas cometeu o mesmo erro. Também Davi conheceu os filhos de Samuel e ainda assim repetiu a sua indulgência.
Davi provavelmente não sentia ter condições para castigar os seus filhos, quando ele próprio havia falhado desastrosamente na área da imoralidade sexual. Os pais precisam disciplinar os seus filhos, mas também, e em primeiro lugar, devem dar-lhes um exemplo sadio mantendo um alto nível moral, em conformidade com os padrões estabelecidos por Deus.
O outro problema de Davi era falta de tempo para dar a atenção que devia aos seus filhos. Como rei ele tinha muitas responsabilidades, mas estas foram multiplicadas pela sua poligamia e grande prole. Ele tinha uma habilidade excepcional como rei e líder militar, mas falhou lamentavelmente como pai.
Muitos pais hoje em dia também não reservam tempo suficiente para atender ao ensino e disciplina dos seus filhos, tornando-se indulgentes em obediência à lei do menor esforço. Os filhos se ressentem disso, e muitos pais crentes vêm com tristeza os seus filhos desviando-se pelo mundo porque não tiveram a disciplina e orientação que precisavam ao crescerem. "Não retires da criança a disciplina, pois, se a fustigares com a vara, não morrerá. Tu a fustigarás com a vara e livrarás a sua alma do inferno." (Provérbios 23:13-14).
ABSALÃO ASSASSINA AMNOM
Por dois anos Absalão tratou Amnom friamente, sem lhe dirigir palavra. Ao final deste período ele viu a oportunidade de executar o seu plano premeditado de matar Amnom, pois Davi já teria dado o caso do estupro por encerrado.
Ardilosamente (como Amnom anteriormente) ele conseguiu permissão do rei para que Amnom, junto com todos os seus irmãos, viessem até Baal-Hazor para festejar a tosquia com ele. Tendo-os em seu poder, Absalão fez com que seus servos assassinassem Amnom depois que ele se embebedou.
Davi foi avisado no início que todos os seus filhos haviam sido mortos, e ficou profundamente triste e deprimido rasgando suas vestes e lançando-se no chão. Mas seu sobrinho Jonadabe logo corrigiu a notícia avisando que apenas Amnom havia sido morto por Absalão, cujas feições haviam revelado o seu ódio desde o dia que sua irmã fora forçada por Amnom, dois anos atrás.
Absalão, no entanto, havia se refugiado com seu avô materno Talmai, filho de Amiúde, rei de Gesur.
Davi pranteava a morte do seu filho Amnom todos os dias, e perseguiu Absalão por três anos. Ao fim deste período, mediante um ardil, Joabe conseguiu que ele perdoasse Absalão, permitindo sua volta a Jerusalém, mas ainda se passaram dois anos até que ele finalmente consentiu em recebê-lo em sua presença.
Absalão deu o nome de Tamar à sua filha para mostrar amor e respeito à sua irmã e ele ficaria como memorial a todos pelo ultraje sofrido por ela.
Criminoso impune e vaidoso por causa da sua beleza física, Absalão estava agora disposto a conquistar o coração da nação de Israel. O rei Davi ia pagar caro pela indulgência que mostrou para com este filho.
A REVOLTA DE ABSALÃO
2 SAMUEL 15, 16 e 18
ABSALÃO CONQUISTA A SIMPATIA DO POVO
Absalão, tendo assassinado seu irmão mais velho, Amnom, era agora o provável herdeiro do trono: entende-se que Quileabe, filho de Abigail, havia morrido na infância. Talvez mesmo Davi o aprovasse, pois já o havia perdoado pelo assassínio. Fisicamente era um homem atraente, decerto semelhante ao pai em muitos aspectos.
Mas ele era ambicioso, e não estava disposto a aguardar os acontecimentos e colocar o seu futuro nas mãos do SENHOR, como o seu pai fazia. Ele queria assumir o reino logo, não lhe importando se fosse necessário até mesmo derrubar o seu pai do trono. Com esse objetivo, ele começou uma campanha sutil e secreta para ganhar a simpatia do povo, e afastar o povo do rei Davi.
Todos os que vinham a Jerusalém tinham que entrar pela porta da cidade, portanto os comerciantes colocavam em volta as suas tendas de mercadorias, fazendo dela um "shopping centre" em linguagem moderna. Além disso, as pessoas mais importantes se dirigiam para lá para se encontrar e tratar dos seus assuntos, e mesmo resolver problemas de ordem legal.
Com alguma pompa, Absalão instalou-se na porta de Jerusalém com seus homens e chamava à sua presença todos aqueles que vinham a Jerusalém em procura de justiça da parte do rei, pois Davi era o juiz supremo da nação. Absalão fingia ter uma grande pena e simpatia por eles, declarava que eles não tinham quem os ouvisse da parte do rei, e lamentava não ser ele próprio juiz na terra, para que viessem a ele todos os que tivessem demanda ou questão, para que lhes fizesse justiça! Com isso ele foi se tornando muito popular.
Muitos se deixaram impressionar por esse estratagema de Absalão e transferiram sua lealdade para ele. Mais tarde descobriram como haviam sido enganados.
Ao fim de quatro anos, sob o pretexto de que tinha que cumprir um voto, Absalão foi até Hebrom, onde havia nascido (capítulo 3:2, 3), levando com ele duzentos homens convidados, que não sabiam das suas verdadeiras intenções. Hebrom foi a primeira capital do reino de Davi, durante sete anos, e Absalão teria ali muitos velhos amigos para lhe dar apoio ao rebelar-se contra o pai.
Também foi com ele um velho conselheiro de Davi, chamado Aitofel, que tipifica Judas Iscariotes (Salmo 41:9). Provavelmente avô de Bateseba (2 Samuel 11:3 e 23:34) talvez guardasse algum ressentimento contra Davi por causa da maneira com que tratou Urias.
Secretamente, Absalão mandou avisar todas as tribos que, ao ouvirem o som das trombetas, elas saberiam que ele era rei em Hebrom.
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